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Varejo
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Por Redação
27 de junho de 2025

Como reduzir a rotatividade de funcionários no varejo: estratégias práticas para supermercados

Especialistas apontam caminhos viáveis para supermercados enfrentarem esse desafio com foco em engajamento, escuta ativa e liderança estratégica

No setor supermercadista, a alta rotatividade de funcionários não é apenas um problema de RH: é um obstáculo direto à eficiência operacional, à experiência do cliente e à rentabilidade dos negócios. A taxa de turnover no varejo alimentar brasileiro impacta as empresas com custos com contratações, treinamentos e queda na produtividade, mas também se estende ao chão de loja, onde colaboradores pouco preparados afetam diretamente o desempenho da operação.

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Mais do que oferecer salários melhores ou implementar benefícios pontuais, a chave para reverter esse cenário está em estratégias mais profundas, que conectem os colaboradores à cultura organizacional e gerem um verdadeiro senso de pertencimento. É o que defende Hugo Godinho, CEO da Dialog, referência em comunicação interna e engajamento no país.

“Aumentar o salário, por exemplo, pode até gerar um alívio momentâneo entre os colaboradores, mas não resolve a raiz da insatisfação”, afirma Godinho.

Para o executivo, a rotatividade precisa ser enxergada como reflexo de desconexões internas. “Quando as pessoas não se sentem ouvidas, reconhecidas ou alinhadas com o propósito da empresa, dificilmente ficarão por muito tempo — independentemente da remuneração”, conta o executivo da Dialog.

Cultura de escuta e comunicação que conecta

A escuta ativa tem ganhado força como uma das ferramentas mais eficazes na construção de ambientes mais saudáveis e colaborativos no varejo. Segundo Godinho, não basta realizar pesquisas pontuais: “Essa escuta precisa acontecer no dia a dia, por meio de trocas ágeis, espaços seguros para fala e retorno efetivo da liderança. A percepção que o público operacional tem da empresa é extremamente valiosa. Sem ela, nenhuma estratégia de cultura se sustenta”, explica.

Ao criar canais que realmente acolhem as vozes dos colaboradores, especialmente aqueles que atuam no atendimento, no estoque ou nos centros de distribuição, as empresas estabelecem uma ponte entre a estratégia do negócio e o trabalho diário. Isso, para o CEO da Dialog, só é possível com comunicação interna estruturada e acessível. “A centralização da informação agrega muito valor e agilidade ao dia a dia dos profissionais, que não se sentem deslocados e deixam de se dispersar entre diferentes plataformas para acompanhar o fluxo da mensagem”, diz Hugo Godinho.

O CEO ressalta que, em redes supermercadistas, a exclusão digital ainda é uma barreira para o engajamento de colaboradores operacionais. “É muito comum que esse público não seja verdadeiramente incluído na comunicação, o que prejudica consideravelmente a forma como ele se conecta com a cultura organizacional. A proposta da Dialog é viabilizar esse acesso com uma plataforma única que promove integração, segmentação de conteúdos e monitoramento de engajamento ", afirma.

Onboarding, desenvolvimento e reconhecimento: o tripé da permanência

Roberta Andrade, diretora de educação corporativa da One Friedman, aponta que a solução para a rotatividade passa, inevitavelmente, pela valorização das pessoas e que a primeira semana de um novo colaborador é decisiva para sua permanência na empresa. Por isso, Roberta entende que oferecer programas estruturados de onboarding e trilhas de desenvolvimento contínuo são fundamentais para consolidar o vínculo entre empresa e colaborador logo nos primeiros dias.

Segundo a especialista, ao oferecer capacitação para cargos operacionais e para lideranças de seção, os supermercados fortalecem não apenas a qualificação técnica, mas também a autoestima profissional e o engajamento. Para Andrade, operadores de caixa, açougueiros e gerentes de loja precisam compreender seu papel estratégico dentro da operação, o que só é possível com treinamento consistente e apoio contínuo.

Além disso, a criação de uma cultura organizacional focada no reconhecimento, na escuta e na transparência fortalece o compromisso mútuo entre empresa e colaborador. “Essa estrutura permitiu ações contínuas de valorização e reconhecimento de colaboradores, além de campanhas que reforçam comportamentos alinhados à experiência que o cliente deve ter na loja”, conta Godinho, ao relembrar a parceria com uma grande rede supermercadista que implementou a Dialog como ferramenta de integração e engajamento.

Benefícios que fazem sentido e lideranças preparadas

Outro ponto destacado por especialistas é a necessidade de oferecer benefícios que, mesmo sem elevar a folha de pagamento, agreguem valor ao colaborador. Parcerias com estabelecimentos comerciais, programas de apoio psicológico, bonificações por resultados e descontos em produtos da própria rede são exemplos de ações com alto impacto na percepção de valor por parte dos funcionários.

O papel fundamental da liderança torna os gerentes de loja e supervisores peças-chave na retenção de talentos e, portanto, devem ser capacitados para exercer uma liderança mais humanizada, empática e estratégica. “A descentralização da Comunicação Interna é bem-vinda a partir do entendimento de que ela não é uma responsabilidade exclusiva de determinada área, o que empodera a atuação de lideranças e influenciadores internos”, finaliza Hugo Godinho.

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