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Varejo
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Por Redação
1 de setembro de 2025

Charcutaria: como valorizar a seção no supermercado?!

Categoria cresce com foco em sofisticação e experiência, mas exige gestão eficiente, inovação em embalagens e estratégias de cross merchandising para gerar resultados

A seção de charcutaria tem se consolidado como um diferencial competitivo para os supermercados brasileiros. Com consumidores mais atentos à qualidade, à procedência e à experiência de compra, a categoria deixou de ser um nicho exclusivo de produtos importados e se fortalece com a produção artesanal nacional, que agrega sofisticação e reforça a valorização da origem.

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No varejo, a charcutaria cumpre um papel que vai além da venda: ela eleva a percepção de qualidade da loja, atrai consumidores de maior poder aquisitivo e cria oportunidades de compras por impulso quando integrada a setores como padaria, queijos e vinhos. Mas, para que a seção cumpra esse potencial, supermercados precisam lidar com desafios como validade curta, gestão de estoque, conformidade regulatória e construção de um sortimento que equilibre conveniência, preço e exclusividade.

Tendência de sofisticação e curadoria do mix

Para Emilie Luquet, CEO da La Popote, marca de charcutaria artesanal baseada em Biguaçu (SC), a categoria é marcada pelo desejo de sofisticação. “O consumidor aceita pagar mais porque enxerga no espaço, produtos de qualidade, autenticidade e diferenciação”, afirma.

Ela explica que, embora os importados mantenham prestígio, cresce a valorização de produtos brasileiros premium, principalmente quando comunicam origem e tradição. Isso abre espaço para parcerias locais e ativações no PDV. “Um mix estratégico e bem curado, em vez de excesso de opções, gera mais confiança e recorrência de compra”, destaca Emilie.

A executiva ressalta ainda que o maior desafio está no shelf life curto, de 10 a 15 dias, que exige logística afinada. Como alternativa, aponta para categorias pouco exploradas no Brasil, como a charcutaria em conserva. “Produtos como terrines e mousses em vidro ou lata ampliam a durabilidade, reduzem perdas e ainda oferecem apelo gourmet”, completa.

Desafios regulatórios e diferenciação no PDV

Segundo Vanessa Cristina Barragan Tacchi, diretora técnica da Registro In, o crescimento da categoria se divide em dois eixos: produtos premium e importados, mais consumidos pelas classes A e B, e os nacionais artesanais, que têm melhor desempenho na classe média e no público conectado à valorização do local e ao consumo consciente. “Há oportunidades para ambos os segmentos, desde que o supermercado adote um posicionamento de marketing claro e adequado ao público-alvo”, avalia.

Mas, para além do apelo comercial, Vanessa chama atenção para aspectos críticos de gestão. “Condições adequadas de armazenamento e manutenção do sistema FIFO são essenciais para evitar perdas. Também é importante contar com assessoria para a verificação dos rótulos, garantindo que atendam às normas da Anvisa e reduzindo riscos de multas ou recolhimentos”, orienta.

Na gôndola, a especialista recomenda diferenciação clara entre linhas de entrada, intermediárias e premium, além de embalagens alinhadas ao perfil do consumidor. “Enquanto o público premium busca por design sofisticado e comunicação de atributos exclusivos, a classe média valoriza rótulos transparentes e informativos, e jovens casais preferem praticidade e porções bem indicadas”, exemplifica.

A inovação tecnológica também desponta como ferramenta para fortalecer a categoria. “Embalagens inteligentes, QR Codes com informações adicionais e comunicação clara no rótulo elevam a confiança e criam valor agregado. O rótulo é a ponte entre consumidor e produto”, reforça Vanessa.

Pão de Açúcar: experiência e integração de seções

No varejo, a prática confirma o potencial estratégico da categoria. Robson Parreiras, diretor comercial de perecíveis do Pão de Açúcar, salienta que a charcutaria é tratada na rede como uma vitrine de qualidade. “Não vendemos apenas um sortimento vasto, e sim uma experiência de compra. A seção transmite a preocupação da marca em oferecer produtos frescos, sofisticados e diferenciados”, afirma.

Entre os desafios, o executivo cita a manutenção de frescor e qualidade em uma rede com grande sortimento e prazos de validade curtos. A solução, diz, está no treinamento intensivo das equipes. “Ter profissionais que orientam sobre consumo, harmonização e até demonstram cortes é crucial para agregar valor”, explica.

Para impulsionar vendas, a bandeira aposta em degustações, promoções cruzadas e ações digitais. “A degustação ajuda a vencer barreiras a produtos de maior valor agregado. Também usamos as redes sociais e o e-commerce para ensinar harmonizações e sugerir ocasiões de consumo, ampliando o alcance da categoria”, acrescenta Robson.

Olhando para o futuro, Parreiras acredita em um equilíbrio entre sofisticação e conveniência. “O autosserviço ofertando produtos pré-embalados e com muita informação vai crescer, mas também há espaço para produtos exclusivos e artesanais. A integração com padaria, queijos e adega cria um verdadeiro ‘Hub de Delicatessen’, transformando a compra em experiência completa”, declara.

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