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Varejo
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Por Redação
9 de outubro de 2025

Do caixa ao celular: como os novos meios de pagamento estão mudando a rotina do varejo

Pagamentos digitais transformam o varejo com conciliação financeira e automação que garantem segurança, eficiência e competitividade aos lojistas

O varejo brasileiro vive uma transformação acelerada no modo de receber pagamentos. O PIX, que rapidamente conquistou consumidores e empresas, já movimenta trilhões e abriu espaço para novas soluções, como o PIX Automático, o PIX por Aproximação e, em breve, o Drex, o real digital. Essa digitalização promete mais conveniência e segurança para os clientes, mas também exige dos lojistas um alto nível de adaptação tecnológica, controle financeiro e gestão eficiente para evitar perdas.

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Para Fernando Gonçalves, head de Novos Negócios da Boavista Tecnologia, a mudança não está apenas na forma de pagar, mas em toda a operação do varejo. O especialista destaca que o uso de dinheiro físico ainda persiste em algumas regiões, mas a tendência é de queda, abrindo espaço para processos mais rápidos, seguros e com menor custo. Nesse cenário, a conciliação financeira ganha papel estratégico, já que o aumento da diversidade de meios de pagamento amplia os riscos de falhas, fraudes e perdas de receita.

Na entrevista exclusiva a seguir, Gonçalves explica os principais riscos que os lojistas enfrentam ao lidar com tantos meios de pagamento, mostra como a automação da conciliação pode transformar o caixa das empresas e detalha de que forma inovações como o Pix Automático e o Drex vão impactar o relacionamento entre varejistas e consumidores. Ele também aponta métricas que devem ser acompanhadas de perto, dá dicas práticas para pequenas e médias empresas e reforça como a integração entre sistemas pode se tornar um diferencial competitivo no mercado.

[SuperVarejo] O que muda para o varejo com o crescimento dos pagamentos digitais e o declínio do dinheiro físico?

[Fernando Gonçalves] O avanço dos pagamentos digitais transforma o varejo ao proporcionar operações mais eficientes, seguras e integradas, ao mesmo tempo em que exige adaptação tecnológica e de estratégia por parte dos negócios. A possibilidade de melhorias significativas na experiência de compra da população, conseguindo reduzir custos e riscos operacionais na operação do dinheiro físico são os grandes impulsionadores desta mudança, pois ainda mesmo que com tais mudanças culturais, o meio circulante físico ainda é alto, principalmente em algumas regiões do país, que possuem problemas de infraestrutura de telecomunicações por exemplo, trazendo uma necessidade de maior eficiência quanto a gestão, rastreabilidade e guarda deste numerário.

[SV] Quais os principais riscos para os lojistas na hora de controlar tantos meios de pagamento diferentes?

[FG] Um dos principais temas debatidos, quando lojistas falam sobre riscos e dificuldades em gerenciar múltiplos meios de pagamento, é conseguir ter visibilidade clara de seus recebíveis, que em grande maioria das vezes, a busca por informações em vários parceiros distintos é complexa, além de outras, que incluem vulnerabilidades a fraudes, custos variáveis que comprometem a margem de lucro, dificuldades na conciliação financeira, problemas na experiência do cliente devido a falhas técnicas, necessidade de atualizações constantes para atender regulações e padrões de segurança, risco de chargebacks, além da dependência de plataformas de terceiros que podem sofrer interrupções ou mudanças contratuais.

[SV] Como a automação da conciliação financeira pode evitar perdas no caixa do varejo?

[FG] A automação da conciliação financeira ajuda a evitar perdas no caixa do varejo ao garantir rastreabilidade das transações, checando se aquilo que foi vendido e registrado nos sistemas de vendas foi processado pelo parceiro de negócio, seja ela em qualquer modalidade de meio de pagamento, identificando discrepâncias contratuais, como taxas acima do contratado, cobranças de tarifas indevidas entre outros, chegando até o momento do crédito em conta corrente, garantindo o pagamento efetivo daquela transação. A automação facilita a detecção destes erros, fraudes e até mesmo cobranças duplicadas, além de assegurar que todos os recebimentos sejam corretamente registrados em seus sistemas contábeis. Dessa forma, aumenta a eficiência, reduz riscos de erro humano e melhora o controle financeiro, contribuindo para um fluxo de caixa mais preciso e seguro.

[SV] De que forma novidades como Pix Automático ou Drex vão impactar o relacionamento entre lojistas e clientes?

[FG] O Pix Automático irá fortalecer o relacionamento entre lojistas e clientes ao oferecer transações mais rápidas, seguras e convenientes, facilitando pagamentos recorrentes, assinaturas e compras instantâneas. Essa tecnologia proporciona maior agilidade no checkout, melhor experiência de usuário e aumentam a fidelidade, pois atendem às expectativas de praticidade do consumidor digital.Já o Drex (Digital Real Exchange) é uma infraestrutura de pagamento baseada em tecnologia de registros distribuídos (blockchain e DLT - Distributed Ledger Technology), que busca facilitar transações instantâneas, seguras e com baixa latência. Ele permite a emissão, transferência e liquidação de valores digitais de forma automatizada e interoperável, integrando diversos sistemas de pagamento. Utiliza tokens digitais lastreados na moeda real (Real) e garante a transparência por meio de registros imutáveis no sistema, além de possibilitar pagamentos instantâneos e automatizáveis 24/7, sem a necessidade de intermediários tradicionais, como bancos ou instituições financeiras convencionais.

[SV] Quais métricas ou indicadores os lojistas devem acompanhar para avaliar se estão gerindo corretamente seus recebimentos digitais?

[FG] É de extrema importância, monitorar métricas como a taxa de aprovação de transações para avaliar a eficiência do processamento, a taxa de rejeições ou cancelamentos para identificar problemas operacionais, o tempo de liquidação dos valores, que influencia diretamente o fluxo de caixa, a taxa de chargebacks e cancelamentos, o volume de vendas por modalidade de meio de pagamento para entender preferências, o custo médio por transação em suas várias modalidades para controle de despesas, o índice de abandono de carrinho por problemas de pagamento para aprimorar a experiência do cliente, além de indicadores de segurança, como tentativas suspeitas e incidência de fraudes, para garantir a integridade dos recebimentos. Essas métricas ajudam a manter a boa visibilidade da gestão financeira eficiente, segura e confiável.

[SV] Como pequenas e médias empresas podem se estruturar para lidar com a complexidade da conciliação, sem depender de grandes equipes financeiras?

[FG] O principal norteador para lidar com a complexidade da conciliação é automatizar este processo, com apoio principalmente de soluções que varram os 3 pilares da conciliação, estabelecimento, parceiro e conta corrente, confrontando tudo aquilo com que foi vendido, se realmente foi processado corretamente pelo parceiro de negócio, em quaisquer das modalidades de meio de pagamento e se tudo aquilo que foi vendido, processado efetivamente foi creditado de forma correta em suas contas correntes. Simplificar a conciliação usando ferramentas de automação, onde a equipe só irá agir na exceção, que são as possíveis divergências é o caminho para manter os registros organizados, conciliações diárias e visibilidade dos recebíveis nas mãos, assim, conseguem controlar de forma eficiente sem grandes equipes.

[SV] De que maneira a integração entre meios de pagamento e sistemas de gestão pode se tornar um diferencial competitivo para o varejo?

[FG] A integração entre meios de pagamento e sistemas de gestão no varejo proporciona maior eficiência operacional, permitindo a automatização de processos de vendas, faturamento e conciliação financeira. Isso reduz erros, agiliza o atendimento ao cliente e melhora a experiência de compra. Além disso, gera dados precisos em tempo real, facilitando análises e tomadas de decisão estratégicas. Essa sinergia pode diferenciar uma loja, oferecendo rapidez, segurança e transparência, fatores essenciais para conquistar e fidelizar consumidores no mercado cada vez mais competitivo.

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