
Por Redação
26 de agosto de 2025Como parcerias com startups estão redefinindo a oferta de alimentos no varejo
Com agilidade, dados e escuta ativa, sinergia cria produtos exclusivos que atendem dores reais dos consumidores e ampliam o diferencial competitivo nas prateleiras
A busca por inovação no varejo alimentar tem encontrado nas parcerias com startups um caminho fértil para o desenvolvimento de produtos exclusivos e com alto apelo junto ao consumidor. Longe de serem apenas fornecedoras, essas empresas emergentes atuam como co-criadoras de soluções e transformam ideias em resultados em prazos que desafiam a lógica tradicional do setor. Para Moritz Neto, fundador da Unfair Advantage, holding brasileira de comércio eletrônico, o segredo está em ouvir profundamente o consumidor antes de pensar em fórmula, embalagem ou conceito. “A cocriação começa com uma escuta visceral. Só depois vem o produto, com uma tese clara de marketing e entrega de valor desde a primeira dose”, afirma.
LEIA TAMBÉM
Como a customização está moldando o futuro do varejo alimentar
Vegano, gostoso e acessível: o novo desafio dos supermercados
O processo é colaborativo do início ao fim. A empresa parceira participa ativamente das etapas estratégicas e dos testes, contribuindo com seu conhecimento de público e distribuição. Já a startup entra com velocidade, obsessão por performance e domínio das ferramentas digitais. Em vez de longos ciclos de desenvolvimento baseados em suposições, o produto é colocado rapidamente à prova em “funis” reais de vendas, com criativos otimizados, mídia ativa e dados em tempo real. Como resultado, menos achismo, mais eficiência. “Nosso recorde foi de 22 dias entre ideia e produto validado com vendas reais. Em média, operamos entre 30 e 90 dias”, explica Moritz.
A metodologia ágil e centrada em dados tem gerado cases de sucesso. O Brain Juice, por exemplo, surgiu da dor de mulheres em dieta que sentiam os efeitos colaterais de uma alimentação restrita. A Unfair e parceiros estratégicos da indústria co criaram um smart drink com 60 ingredientes bioativos e apenas 40 calorias. Resultado: o primeiro lote esgotou rapidamente e se transformou em assinatura recorrente. Outro destaque foi o Natural Fire, pré-treino natural que substitui energéticos sintéticos e conquistou aceitação expressiva logo no lançamento. “Produto bom não é o que tem a fórmula mais bonita, é o que transforma e vende de novo”, resume Moritz.
Na outra ponta da inovação, atuando diretamente com o varejo, está a Aravita. A startup, liderada por Marco Perlman, utiliza inteligência artificial para otimizar a gestão de FLV (frutas, legumes e verduras), uma das categorias mais desafiadoras do setor. “A receptividade tem sido muito positiva. Em uma rede com mais de 30 lojas em São Paulo, conseguimos reduzir em até 30% as rupturas e mais de 20% o desperdício”, afirma Perlman. Para alcançar esses resultados, a Aravita precisou adaptar sua tecnologia à realidade dos supermercados, lidando com dados inconsistentes e desenvolvendo soluções práticas e intuitivas para o time de loja.
A Aravita se propõe a complementar o trabalho humano, oferecendo ferramentas que apoiam decisões ágeis e bem embasadas. “Aprendemos que a usabilidade é tão importante quanto a inteligência. Não adianta uma boa previsão se a equipe não consegue aplicá-la no dia a dia”, reforça Perlman. O impacto dessas soluções vai além da operação: melhora margens, reduz desperdício e proporciona uma jornada de compra mais consistente.