
Por Redação
19 de agosto de 2025Vegano, gostoso e acessível: o novo desafio dos supermercados
Alimentos plant-based deixam de ser nicho e ganham espaço nas prateleiras, exigindo novas estratégias de supermercados e fornecedores
A demanda por produtos veganos e sem lactose tem crescido de forma consistente no Brasil, impulsionada por consumidores mais atentos à saúde, à sustentabilidade e à ética alimentar. Em resposta, supermercados de todo o país estão revendo seus portfólios para incluir cada vez mais alternativas à base de plantas. A indústria, por sua vez, tem investido em inovação para garantir que essas opções não apenas atendam a restrições alimentares, mas também ofereçam sabor, nutrição e preço competitivo, como explica André Weinmann, presidente da NotCo no Brasil.
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A NotCo é um dos exemplos mais emblemáticos dessa transformação. “Acreditamos que o sabor é determinante para a adesão. Não basta ser vegano ou sem lactose, precisa ser gostoso”, afirma Weinmann. Com produtos como NotMilk, NotShake Protein, NotCreme e NotMayo, a marca se propõe a resolver “dores” específicas das categorias em que atua, desenvolvendo alimentos à base de plantas com alta qualidade nutricional e preços acessíveis. O objetivo é atingir um público cada vez mais amplo, indo além dos veganos tradicionais.
Apesar do avanço, ainda há obstáculos relevantes para que essa oferta se torne verdadeiramente acessível em escala. “Os principais desafios estão relacionados a custo e tributação”, aponta o executivo. Ingredientes de qualidade muitas vezes têm produção limitada e preços altos, além da carga tributária sobre produtos vegetais ainda ser desproporcionalmente elevada. O NotMilk, por exemplo, chega a pagar até 45% mais imposto do que o leite de origem animal, um desequilíbrio que impacta diretamente o preço final nas prateleiras.
Para ampliar o acesso, as redes varejistas têm diversificado suas estratégias. Se por um lado o portfólio de produtos da NotCo é padronizado em todo o país, por outro, a forma de distribuição e comunicação é adaptada conforme o perfil regional. “Atuamos nas principais redes varejistas, contamos com distribuidores para ampliar a capilaridade e fortalecer o acesso via e-commerce”, destaca Weinmann. Isso permite alcançar tanto grandes centros quanto regiões menos populosas com relevância e eficiência.
Esse movimento de adaptação do varejo às novas exigências alimentares tem reflexos diretos na experiência do consumidor e na competitividade do setor. Ao integrar produtos veganos e sem lactose ao sortimento habitual e não apenas como nicho, os supermercados tornam-se protagonistas de uma mudança de paradigma no consumo alimentar brasileiro. E, à medida que as barreiras tributárias e logísticas forem superadas, a tendência é que essas opções se tornem ainda mais presentes e acessíveis a todos.