
Por Redação
4 de julho de 2025A gestão de estoques e a sua evolução
A crise da Covid-19 revelou falhas e impulsionou práticas como digitalização, omnicanalidade e gestão estratégica de estoques
A pandemia trouxe desafios sem precedentes para a cadeia de suprimentos, escancarando fragilidades na gestão de estoques de empresas de diversos setores. A falta de tecnologia e de processos automatizados foi um dos principais gargalos, impedindo que muitas companhias tivessem visibilidade em tempo real dos seus estoques e da evolução da demanda. Além disso, a dificuldade em interpretar rapidamente as mudanças no comportamento do consumidor, que priorizou itens essenciais e, depois, investiu mais em melhorias para o lar e no consumo digital, gerou descompassos, rupturas e excessos em diferentes momentos.
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Durante o período, diversos erros estratégicos e operacionais foram cometidos na gestão de estoques, como explica Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior e gerente de produtos da Saygo Comex. Segundo ela, a falta de tecnologia e automação foi um dos principais gargalos, limitando a visibilidade em tempo real dos estoques e dificultando a previsão de demanda. Além disso, muitas empresas não estavam preparadas para interpretar rapidamente as mudanças no comportamento do consumidor que, inicialmente, priorizou itens essenciais e, depois, direcionou o consumo para reformas residenciais e compras online. Outro erro apontado pela especialista foi a demora na adoção do e-commerce e dos canais de delivery, além da ausência de planos de contingência e cenários alternativos para enfrentar eventos de grande impacto, como os que ocorreram durante a crise sanitária.
Outro erro recorrente foi a demora na adaptação ao e-commerce e aos modelos de entrega, fundamentais durante o isolamento social. Negócios que já operavam com canais digitais saíram na frente, enquanto outros perderam mercado pela lentidão em reagir. A falta de planos de contingência e de cenários alternativos também ficou evidente, expondo empresas que não estavam preparadas para lidar com eventos de grande impacto, como rupturas na cadeia global, variações extremas de demanda e limitações logísticas.
Por outro lado, o cenário desafiador acelerou boas práticas que, mais do que respostas emergenciais, se consolidaram como diferenciais estratégicos. A digitalização passou a ser indispensável, com o uso de dados, automação, inteligência artificial e ferramentas preditivas para tomar decisões mais rápidas e assertivas. Modelos logísticos baseados na omnicanalidade, integração de canais e centralização inteligente em centros de distribuição ganharam força, tornando as operações mais flexíveis e resilientes.
Além disso, a gestão de fornecedores se tornou mais estratégica, valorizando não só o preço, mas também a capacidade de resposta e a localização. Práticas como programas de fidelização, personalização de ofertas e planejamento de riscos passaram a ser adotadas de forma permanente. As empresas que mantiveram esses aprendizados pós-pandemia hoje estão mais preparadas para enfrentar não apenas novas crises, mas também a volatilidade constante do mercado e as rápidas mudanças no perfil do consumidor.