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Economia
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Por Redação
24 de novembro de 2025

Reforma Tributária: quais os benefícios reais, tanto para empresas quanto para os consumidores?

Mudanças prometem simplificar processos, reduzir custos operacionais e aumentar a transparência fiscal, mas adaptação inicial pode trazer instabilidade nos preços

A aprovação da Reforma Tributária inaugura uma nova etapa para o ambiente de negócios no país, especialmente para o setor supermercadista, historicamente pressionado pela complexidade do sistema fiscal. A proposta de unificar tributos em um modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) tem como meta reduzir a burocracia e os custos de conformidade que há décadas pesam sobre empresas e consumidores.

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Segundo Reginaldo Stocco, CEO da vhsys, empresa de tecnologia especializada em soluções de gestão empresarial online, o novo modelo representa um avanço importante para o mercado brasileiro. “A unificação de tributos deve reduzir a complexidade e o custo de conformidade, algo que sempre pesou para o varejo”, observa.

Para ele, o maior ganho para as empresas é a previsibilidade, com regras mais simples e estáveis para planejar preços e investimentos. Já para o consumidor, o benefício virá da transparência sobre os impostos e, a médio prazo, de preços mais equilibrados à medida que o sistema se torne mais eficiente.

Processo mais simples

Atualmente, um supermercado precisa lidar com dezenas de regras diferentes de ICMS, ISS, PIS e Cofins, o que torna a gestão tributária um desafio diário. Com a criação do IBS e da CBS, essa fragmentação tende a desaparecer, permitindo maior automatização e integração de processos. De acordo com Stocco, a apuração será mais simples, reduzindo tempo com cadastros e conferências. “Isso significa menos erros, menos autuações e mais foco no que realmente importa: atender bem e manter a operação eficiente”, explica.

Além da simplificação, há expectativa de queda dos custos administrativos e de compliance. A redução de declarações e retrabalhos deve liberar recursos para áreas estratégicas e melhorar o fluxo de caixa.

O executivo destaca ainda que setores de consumo básico, como alimentos, higiene e limpeza, serão os primeiros a sentir os efeitos positivos. A previsão de alíquotas reduzidas para itens essenciais deve equilibrar o poder de compra das famílias e impulsionar o consumo. Outro ponto considerado um avanço é o sistema de cashback para famílias de baixa renda, que devolverá parte dos impostos pagos em produtos essenciais, fortalecendo o consumo local e os pequenos varejistas.

Aumento temporário

Mas nem tudo deve ocorrer de forma imediata. A transição para o novo modelo poderá provocar ajustes e volatilidade nos primeiros meses de vigência, impactando o bolso dos consumidores. Para o advogado tributarista Ivson Coêlho, há risco de aumento temporário da inflação dos alimentos durante a fase de adaptação. “É natural que o mercado passe por um período de instabilidade, já que as empresas precisarão se ajustar às novas regras e entender a definição das alíquotas efetivas”, avalia. Ele acrescenta que, entre os três e seis primeiros meses, pode haver oscilações de preços causadas por incertezas regulatórias e custos de adaptação.

Apesar desse cenário inicial, Coêlho destaca que a simplificação tributária deve gerar ganhos consistentes no médio e longo prazo. Com regras mais uniformes, as empresas terão maior clareza sobre a formação de preços, o aproveitamento de créditos e a negociação com fornecedores. “A transparência do novo modelo permitirá melhor planejamento de estoque e maior poder de negociação, o que tende a reduzir gradualmente os preços à medida que o sistema se consolide”, afirma.

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