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Varejo
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Por Redação
11 de abril de 2025

Energia solar nos supermercados corta custos, atrai clientes e ilumina o futuro do varejo

Brasil se consolida como líder global em energia solar e supermercados adotam sistemas fotovoltaicos para cortar despesas, garantir autonomia energética e reforçar compromisso ambiental

O Brasil acaba de atingir um marco histórico: 50 gigawatts (GW) de potência operacional em energia solar, tornando-se o sexto país do mundo a alcançar esse patamar, ao lado de potências como China, EUA, Alemanha, Índia e Japão. Os dados, divulgados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), revelam que os pequenos e médios sistemas de geração própria lideram, com 33,5 GW, enquanto as grandes usinas contribuem com 16,5 GW.

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Esse crescimento acelerado não se limita a residências e indústrias, já que o setor supermercadista tem adotado a tecnologia em larga escala, motivado por três fatores principais: redução de custos operacionais, maior segurança no abastecimento elétrico e alinhamento com as demandas por sustentabilidade. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, apenas entre janeiro e outubro de 2023, 119 novas usinas solares entraram em operação no país, somando 4,54 GW à potência fiscalizada, um sinal claro de que a energia fotovoltaica se tornou uma aposta estratégica para empresas que buscam eficiência e responsabilidade ambiental.

Para João Branco, professor do curso de Administração da ESPM, os benefícios são evidentes tanto no aspecto operacional quanto no financeiro. "Um supermercado com painéis solares tem fornecimento autônomo, o que reduz drasticamente a dependência da rede elétrica convencional e minimiza riscos como quedas de energia, roubos de cabos ou falhas no sistema de distribuição", explica.

Payback e economia de longo prazo

De acordo com o professor, além da segurança energética, a geração da própria energia também tem um impacto direto nos custos. "Embora o investimento inicial seja alto, o retorno financeiro chega em médio prazo. Em residências, o payback (tempo para recuperar o investimento) gira em torno de cinco a seis anos. Já em supermercados, esse período pode ser menor, devido à grande área disponível para instalação de painéis e ao alto consumo de energia", afirma Branco.

A rede Covabra é um exemplo concreto dessa tendência já que em junho de 2023, a empresa inaugurou usinas fotovoltaicas em uma loja de Limeira (SP) e no Centro de Distribuição de Sumaré. "Nossa motivação foi aliar sustentabilidade à economia de longo prazo. Queríamos reduzir nossa pegada ambiental e, ao mesmo tempo, cortar custos fixos significativos", afirma Diogo Metzner Mergulhano, gerente de suprimentos da rede.

Segundo o executivo, a expectativa é que a unidade de Limeira gere cerca de 45% da energia que consome, enquanto o Centro de Distribuição atinja 25% de autossuficiência. "Isso representa uma economia expressiva nas contas de luz, além de reforçar nosso posicionamento como uma marca comprometida com o futuro", destaca Diogo.

Desafio no armazenamento de energia

Apesar das vantagens, a expansão da energia solar no varejo enfrenta obstáculos técnicos e logísticos. Um dos principais é a incapacidade de geração durante a noite. "Supermercados precisam manter sistemas de refrigeração e iluminação funcionando 24 horas por dia. Como a energia fotovoltaica só é produzida sob luz solar, ainda é necessário complementar com a rede convencional ou geradores a diesel", explica João Branco.

Segundo o professor da ESPM, outro desafio é o armazenamento de energia em baterias. "A tecnologia de acumuladores evoluiu muito, mas ainda não é economicamente viável para escalas grandes, como a demanda de um supermercado. Assim como vemos avanços em baterias de carros elétricos e celulares, acreditamos que, nos próximos anos, teremos soluções mais eficientes para armazenar energia solar em larga escala", projeta Branco.

Políticas públicas e incentivos fiscais

A adoção da energia fotovoltaica no varejo também tem sido impulsionada por políticas públicas desde 2012 e, atualmente, o setor já atraiu R$229,7 bilhões em investimentos e gerou R$71 bilhões em arrecadação tributária, segundo a Absolar. Além disso, a geração distribuída (GD), sistema em que o consumidor também é produtor de energia, ganhou força após a regulamentação do marco legal da GD em 2022. "Redução de ICMS, isenções fiscais em equipamentos e subsídios para microgeração são fatores que aceleram o retorno do investimento. Se o poder público ampliar incentivos, veremos uma migração ainda mais rápida de empresas para a autoprodução", afirma Branco.

Para o porta-voz da rede Covabra, as políticas atuais já são um diferencial. "A legislação atual permite que a energia gerada em excesso seja convertida em créditos, o que ajuda a equilibrar os custos. Mas, sem dúvida, mais incentivos tornariam o processo ainda mais atrativo", diz Mergulhano.

Impacto na imagem e maior autonomia

O gerente de suprimentos do Covabra explica que, além da economia, a energia solar tem um impacto positivo na imagem das redes supermercadistas. "Os clientes estão cada vez mais atentos às práticas ESG. Quando uma empresa demonstra compromisso com energias limpas, por exemplo, isso gera identificação e fidelização", observa Mergulhano.

De acordo com Diogo, no caso do Covabra, a energia solar se soma a outras iniciativas sustentáveis, como pontos de coleta para pilhas, lâmpadas e embalagens, além do uso de sacolas biodegradáveis. "Não se trata apenas de reduzir custos, mas de assumir um papel de liderança na transição para uma economia de baixo carbono", ressalta o executivo.

A expectativa do Covabra é que os supermercados possam, em breve, operar com autonomia total mesmo durante a noite. "A tecnologia de armazenamento está avançando rapidamente. Em alguns anos, teremos sistemas mais eficientes e acessíveis. O Covabra, por exemplo, considera estender o projeto para outras unidades após avaliar os resultados do piloto. Se os números forem positivos, como esperamos, a energia solar será parte essencial da nossa estratégia de crescimento", finaliza Mergulhano.

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