
Por Redação
18 de abril de 2025Bazar: vale a pena manter o setor nos supermercados?
A seção ainda pode ser bastante lucrativa, se tiver uma boa gestão de estoque e atender as reais demandas dos clientes
Com a popularização do comércio eletrônico e o crescimento das lojas de proximidade, surge o questionamento sobre a necessidade do setor de bazar dentro dos supermercados. No entanto, a seção ainda pode ser bastante lucrativa, se tiver uma boa gestão de estoque e atender as reais demandas dos clientes. "Eu acho que o bazar é uma área que merece ser reinventada, ser olhada com carinho", fala Roberto Kanter, economista e professor de MBAs de Varejo da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
A concorrência com o comércio eletrônico, que vende uma variedade de produtos, muitas vezes com entrega rápida, é uma das barreiras que esse setor vem enfrentando. "Hoje a concorrência com os marketplaces - Shopee, Temu e, principalmente, Mercado Livre - faz com que esses itens sejam muito mais consumidos através desse ambiente do que no supermercado. Mas é um trabalho de gestão de estoque. Tem que olhar o setor e filtrar porque, com certeza, haverá itens que terão um giro bom e que merecem ter estoque e disponibilidade, ao mesmo tempo haverá outros que ocupam um espaço desnecessário e fazem a loja perder oportunidades, já que há uma limitação física", explica o economista.
Essa busca por esses produtos na internet, inclusive, pode ser uma oportunidade para os supermercadistas que também vendam esses itens on-line. "Os produtos podem ser disponibilizados não apenas na loja física, mas nos canais virtuais também. É possível divulgar e utilizar esses produtos em situações de destaque, porque isso gera aumento do faturamento e da fidelidade", opina Artur Motta, coordenador do MBA de Marketing da ESPM e especialista em varejo.
Outro desafio é a mudança no perfil das lojas, uma vez que muitas estão mais próximas dos consumidores, porém em espaços menores. "As lojas estão diminuindo ou até nem mesmo trabalhando a seção de bazar, uma vez que seguem o conceito de proximidade e conveniência. Quando você fala de lojas menores em áreas mais nobres, o espaço é muito caro", diz o professor da ESPM. "Agora se a sua loja tem a proposta de ter um bazar, tem que analisar qual é seu público-alvo e sua proposta de valor. Esse é o ponto relevante. O bazar tem que realmente ser desenhado e estruturado para ser um atrativo, um diferencial da sua loja. Precisa ser uma área diferenciada, com boa exposição, etc", continua Motta.
Uma boa solução que tem sido apresentada por alguns varejistas é transformar a área dedicada a esses produtos em um espaço diferenciado, com itens de decoração para casa, por exemplo. "A gente associa muito bazar a balde, escada, pano, objetos de uso cotidiano. E acho que a seção poderia ter uma visão mais direcionada a design e decoração", analisa Kanter.
O especialista também destaca a necessidade de o espaço aproveitar o fluxo de clientes. "O segredo é criar uma miniloja dentro da sua loja. O bazar no supermercado tem que se transformar naquela famosa expressão já-que. Já que estou aqui, vou passar lá para ver as novidades. O maior erro que eu percebo nos supermercados é que eles querem trazer novidades para uma área que não tem fluxo", complementa.
Uma sugestão de Kanter é fazer parceria com outras marcas para criar um espaço que chame a atenção do consumidor e seja relevante. "Para quem está fora do eixo Rio-São Paulo, mais no interior, abrir o seu espaço para uma marca regional ou nacional para desenvolver uma área de bazar e presente - mesmo que teoricamente abra mão de margem para dar ao varejista - eu acho uma ideia sensacional", diz Kanter.
Para compor um bom mix de bazar, é preciso debruçar sobre os dados das lojas e fazer uma boa análise, por exemplo, usando o modelo de Pareto, que diz que 20% das categorias representam 80% das vendas, ou modelos matemáticos mais complexos. "Hoje você consegue trabalhar com tecnologia, inclusive com a ajuda da inteligência artificial para ler os relatórios e dar sugestões, a maximizar o seu estoque, levando em consideração, a análise horizontal, que é a eventual sazonalidade", ressalta o especialista.
Boas práticas
Uma rede que aposta na seção é o Dalben Supermercados. Em 2024, essa categoria representou 4,11% do faturamento da empresa, confirmando a sua importância no sortimento da loja. "O setor de bazar é fundamental para agregar valor à experiência de compra, oferecendo conveniência e variedade em um só lugar. Nos Supermercados Dalben, ele tem papel estratégico, que é o de ajudar a aumentar o ticket médio, aproveitando datas sazonais com produtos temáticos e proporcionando margens de lucro atrativas. Além disso, a seção fortalece o diferencial competitivo da marca, tornando o Dalben uma referência não só em alimentos, mas também em soluções para o lar", afirma Fernanda Dalben, diretora de Marketing e Trademarketing Estratégico.
Para que o cliente tenha melhor visualização e posso escolher mais facilmente, o Dalben tem um espaço exclusivo, com produtos organizados por categorias, com tamanho de área que varia de uma loja para a outra. A rede ainda faz um trabalho de cross merchandising, colocando os itens desse setor próximos aos alimentos com os quais podem ser usados e dando destaque para itens sazonais. "Essa integração reforça a praticidade para o cliente e estimula compras por impulso, contribuindo para uma experiência mais completa e funcional", diz a executiva da rede.
O mix de produtos no bazar da rede é escolhido a partir da demanda dos clientes, da análise de vendas, tendências de mercado e sazonalidade. "Buscamos oferecer um sortimento que seja funcional, atual e que atenda às necessidades do dia a dia dos nossos consumidores. Há variações entre as lojas, respeitando o perfil de compra de cada região. Além disso, trabalhamos com produtos sazonais ao longo do ano, como itens para volta às aulas, Páscoa, Festas Junina, Dia das Mães e Natal, sempre com foco em agregar valor e praticidade à experiência de compra", finaliza.
Acredito sim que o bazar, tem muitas oportunidades e cross merchandinsing é essencial para venda por impulso, agregando no ticket médio da loja.
Bazar sempre foi uma das categorias mais rentáveis ao canal. Agrega valor é sabendo conduzir a categoria, evolui muito. Exemplo Cash na periferia de Salvador vende inúmeras Air Fryer de valores R$ 320,00 a R$ 500,00 e aí aproveitando com cross de forro de papel para Air Frywr... agregando valor a categoria.