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Tecnologia
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Por Redação
3 de junho de 2025

Mapeamento comportamental 4.0: sensores, visão computacional e IA redefinem a jornada no ponto de venda

Como a inteligência de dados está transformando a experiência do consumidor e gerando vantagens competitivas para o varejo supermercadista

O ponto de venda (PDV) supermercadista está passando por uma revolução silenciosa, porém decisiva. Sensores, visão computacional e inteligência artificial (IA) estão transformando a forma como os consumidores são observados, compreendidos e impactados. A chamada ‘Era do mapeamento comportamental 4.0’ não apenas coleta dados, mas traduz padrões invisíveis em estratégias personalizadas que elevam a experiência de compra a um novo patamar e essa revolução já está em curso, como explicam especialistas entrevistados pela SuperVarejo.

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Para Fabiano Nagamatsu, CEO da Osten Moove, aceleradora especializada em inovação e tecnologia, o uso dessas ferramentas vem se sofisticando rapidamente. “O varejo tem utilizado sensores atrelados à questão da visão computacional, que são câmeras estratégicas posicionadas e aliadas possivelmente a algoritmos super avançados com inteligência artificial. Também têm trabalhado questões de combinação, por exemplo, desde a entrada até a saída de pessoas dentro de um estabelecimento e onde mais ficam. Existe reconhecimento de íris e com isso é possível até identificar para onde estão olhando e o local de atenção”, explica.

Segundo o especialista, esse mapeamento preciso permite a criação de mapas de calor, que revelam as chamadas zonas de destaque, ou seja, áreas nobres que concentram a atenção dos clientes e onde a exposição de produtos estratégicos, promoções e ações de degustação podem gerar mais impacto.

Impacto além da observação

Alexandre Marquesi, professor do Núcleo de Varejo da ESPM, aponta a relevância crescente desse processo dentro do setor varejista. “A tecnologia no varejo realmente está mudando a forma como entendemos e nos relacionamos com os consumidores. O uso de sensores e inteligência artificial para mapear o comportamento dos clientes é uma ferramenta poderosa para otimizar a experiência de compra”, afirma.

De acordo com Nagamatsu, o impacto do mapeamento comportamental vai além da observação já que fornece insights acionáveis que redesenham a jornada do cliente com foco na eficiência operacional e na personalização da experiência. “O mapeamento comportamental consegue otimizar melhor os layouts e a exposição dos produtos, que chamamos de área nobre. Conseguem colocar produtos que não estão tendo uma boa saída, fazer algum desenvolvimento de direcionamento de tráfego e aumentar a visibilidade também para produtos estratégicos”, detalha.

O CEO da Osten Moove entende que isto impacta na otimização do estoque e na eficiência. “Aqueles produtos que estão para vencer, por exemplo, é possível direcionar para promoções antes do vencimento, assim como personalizar a experiências e melhorias no atendimento”, aponta. “É fascinante como a análise de dados pode influenciar decisões estratégicas, desde o layout da loja até campanhas promocionais. Com as informações certas, os varejistas conseguem criar um ambiente mais atraente e personalizado para os consumidores, aumentando as chances de conversão”, emenda Marquesi.

Privacidade e ética como pilares indispensáveis

Junto ao uso de tecnologias baseadas em imagens e dados pessoais, a ética e o respeito à privacidade se tornam indispensáveis e, de acordo com Nagamatsu, quando se fala de visão computacional, trabalha-se muito com imagens sensívei. “Também é importante adotar algumas políticas de transparência e consentimento, anonimização e pseudonimização com relação aos dados das pessoas, imagens e segurança de dados”, alerta.

Na mesma linha, Marquesi ressalta a questão da privacidade como um aspecto extremamente importante. “Com a LGPD e outras regulamentações, é essencial que as empresas respeitem a privacidade dos consumidores e sejam transparentes sobre como os dados são coletados e utilizados. Informar os clientes sobre a presença de sensores e garantir que haja consentimento para a coleta de dados é fundamental para manter a confiança deles”, analisa Alexandre Marquesi, professor do Núcleo de Varejo da ESPM.

Assim como as oportunidades são muitas, os obstáculos para o mapeamento comportamental também existem, especialmente para redes de pequeno e médio porte, que ainda enfrentam barreiras de custo, capacitação e cultura organizacional. “O principal gap são os custos de investimento. Esse obstáculo pode ser superado buscando soluções mais modulares, faseadas. De tempo em tempo pode-se implementar alguns módulos, softwares, até chegar a uma certa robustez”, sugere Nagamatsu.

Capacitação antes do mapeamento

Para o CEO, além do investimento, também há entraves técnicos e humanos. “A complexidade na implementação e integração nos PDVs depende muito de um treinamento. Então, é importante contar com o fornecedor de tecnologia que possa trazer experiência, trabalhar o treinamento principalmente com a equipe interna ou terceirizada, para que a implementação flua bem”, recomenda.

De acordo com Marques, a capacitação das equipes é um grande desafio, principalmente para pequenos e médios supermercados. “Sem o conhecimento adequado, é difícil extrair o máximo valor dos dados coletados. Investir em treinamentos e workshops pode ajudar a quebrar essa barreira”, afirma o professor da ESPM. “Também tem resistência às mudanças em empresas familiares. Os próprios clientes internos, que são colaboradores, também podem ter essa dificuldade. Por isso, é sempre bom fazer o treinamento, ter uma comunicação clara, regras, para que isso surta o melhor efeito possível dentro de um projeto”, conclui Nagamatsu.

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