
Por Redação
21 de abril de 2025Do Líbano para o Brasil: a estratégia da Taybe Food e a invasão da culinária árabe no varejo
Marca lidera a revolução gastronômica que está transformando supermercados brasileiros e revela porque saúde, cultura e conveniência são os pilares desse sucesso
Em 2020, quando a Taybe Food desembarcou no Brasil, poucos no varejo imaginavam que a culinária árabe, até então restrita a restaurantes étnicos e festivais culturais, se tornaria um dos segmentos mais dinâmicos do mercado atualmente. Cinco anos depois, os números surpreendem: a empresa, que começou com 50 itens, hoje tem 400 produtos no portfólio, abastece 300 pontos de venda e mira 600 até 2025.
O crescimento reflete uma tendência maior: o consumo de alimentos árabes no Brasil triplicou na última década, segundo a Associação de Comércio Exterior Brasil-Líbano. De acordo com Joseph Abou Sleiman, CEO da Taybe Food Brasil, o brasileiro sempre amou esfiha e quibe, mas agora descobriu que a culinária árabe vai muito além do fast food. "Nossos dados mostram que 30% dos consumidores atuais não têm ascendência árabe, são jovens urbanos que buscam alimentação saudável, ingredientes exóticos e conveniência", diz.
Enquanto muitas marcas estrangeiras adaptam sabores ao paladar local, a Taybe optou pelo caminho oposto: vender produtos idênticos aos consumidos no Oriente Médio. "Nosso hummus não é 'abrasileirado'. O azeite é importado diretamente do Líbano, e as tâmaras vêm da Arábia Saudita", afirma Sleiman. E a aposta deu certo tanto que itens como folha de uva pronta para consumo e berinjela recheada têm demanda crescente, especialmente em capitais como São Paulo e Curitiba, segundo o CEO.
Virada com degustações em grandes redes
Para Joseph, o principal desafio da Taybe Food no Brasil foi educar não apenas o consumidor, mas todo o setor varejista. "No início, os supermercados resistiam. Achavam que esses produtos ficariam encalhados. A virada veio com a estratégia de degustação de amostras grátis em redes como Pão de Açúcar e Carrefour. Quando o cliente prova, entende que é saboroso, prático e saudável", lembra o executivo.
De acordo com Sleiman, a explosão de interesse pelos produtos da Taybe Foods não ocorreu por acaso e eventos como a Copa do Mundo no Catar (2022) e a popularização de Dubai como destino turístico funcionaram como propaganda gratuita. "As buscas por 'comida árabe' no Google cresceram 180% durante o Mundial. Aproveitando o momento, a Taybe lançou kits temáticos", revela Sleiman.
Além do futebol, a cultura pop também entrou no jogo e o executivo destaca a importância do ator Kaysar Dadour tornar-se embaixador da marca. "Celebridades ajudam, mas o produto precisa se sustentar. Nosso diferencial é não usar conservantes, algo raro em alimentos importados. A estratégia atraiu até clientes inesperados, como chefs de cozinha francesa e italiana, que usam os produtos da Taybe como base para pratos fusion", conta o CEO.
Logística e burocracia como inimigos invisíveis
Por trás de todo o sucesso da Taybe Food, existem diversos desafios complexos e a burocracia imposta para a importação de produtos é, segundo Joseph, um dos principais. "Um contêiner de azeite libanês pode ficar 40 dias na alfândega. Para contornar o problema, a empresa passou a estocar 6 meses de produtos perecíveis em um centro logístico em São Paulo. Outro obstáculo é a distribuição regional. No Nordeste, por exemplo, precisamos ajustar embalagens para resistir ao calor", explica Sleiman.
De acordo com o executivo, a solução encontrada pela companhia para contornar esses desafios inclui firmar parcerias com distribuidores locais em regiões estratégicas. “Em Recife, por exemplo, a Taybe fechou acordo com a Rede Mix para abastecer lojas de bairro. Queremos estar a 30 minutos do consumidor, seja num empório em Brasília ou num mercado no interior da Bahia", diz o Joseph.
O CEO da Taybe Food Brasil destaca os planos de expansão da empresa até 2026. "Queremos ser referência em cultura árabe, não só em comida. O alimento é só a porta de entrada. O que vendemos, no fim, é identidade. Somos o segundo maior mercado de comida árabe fora do Oriente Médio, atrás só dos EUA. E temos uma vantagem: aqui, o consumidor é curioso e menos conservador", completa Sleiman.