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Economia
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Por Redação
23 de dezembro de 2025

Inflação de Natal desacelera em 2025, com alívio na ceia e pressão nos presentes

Cesta alimentar apresenta retração, enquanto categorias de maior valor agregado seguem em alta

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), a inflação dos itens típicos do Natal registrou variação de 0,10% no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, uma desaceleração significativa frente aos 4,48% observados no ano anterior. O resultado reflete um comportamento distinto entre os principais grupos de consumo associados às festas de fim de ano, com alívio nos preços da ceia e avanço moderado nos gastos com presentes.

A cesta de alimentos da ceia apresentou queda de 1,44%, puxada principalmente por recuos expressivos em itens que haviam pressionado o orçamento das famílias em anos anteriores. Produtos como batata-inglesa (-39,93%), arroz (-23,74%) e azeite (-19,16%) registraram forte retração, refletindo a normalização das cadeias de oferta, a desaceleração das commodities alimentares e condições climáticas mais favoráveis ao longo de 2025. Em contrapartida, as proteínas seguem como principal foco de pressão, com alta nos preços de carnes bovinas (9,46%), pernil suíno (8,32%), lombo suíno (7,47%) e frango inteiro (7,78%). O bacalhau também voltou a subir (20,25%), influenciado pelo câmbio menos favorável em parte do ano e por restrições internacionais de oferta.

Do lado dos presentes, a inflação foi de 1,41%, revertendo o cenário de inflação muito baixa observado nos dois anos anteriores. Os eletrônicos seguem em queda (-1,29%), embora em ritmo mais moderado, com destaque para a redução nos preços de celulares (-1,82%). Já o vestuário voltou a registrar alta (+1,83%), puxado principalmente pelas roupas masculinas (3,12%) e femininas (1,34%), enquanto os itens infantis apresentaram comportamento misto, com forte recuo nos calçados infantis (-6,16%).

De acordo com Matheus Dias, pesquisador do FGV IBRE, a alta na cesta de presentes reflete um ambiente de consumo mais aquecido em 2025, em linha com um mercado de trabalho resiliente e ganhos reais de renda. Ele destaca que, do ponto de vista macroeconômico, a desaceleração global combinada à melhora das safras contribuiu para reduzir as pressões sobre os alimentos, resultando em queda próxima de 1% nos preços ao consumidor. Por outro lado, a manutenção do câmbio em patamar elevado durante parte do ano, aliada aos custos logísticos ainda pressionados, sustentou aumentos em itens importados, como o bacalhau e produtos de saúde e beleza. Apesar da convergência gradual da inflação para a meta, a resiliência do setor de serviços ainda limita uma desaceleração mais rápida dos preços ao consumidor.

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