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Por Joyce Silva
30 de outubro de 2025

Datas sazonais estão passando mais rápido... Impressão ou realidade?

Confira o artigo exclusivo de Joyce Silva, especialista em área fiscal, para a SuperVarejo

Pisquei e as lojas já estão tomadas de enfeites de Natal outra vez. Ou melhor, até a pouco tempo era Páscoa, Dia das Mães, tinha comida típica e bandeirinhas de festa junina nas gôndolas dos supermercados, doces de halloween e agora os panetones.

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Até um tempo atrás, eu achava que a sensação de que as datas comemorativas estavam passando mais rápido era apenas uma impressão..., mas não, é reflexo direto de um novo comportamento de consumo e da forma como o varejo tem (ou tenta) se adaptar.

Vivemos na era do imediatismo. Tudo é para ontem, do entretenimento às compras do mês. E isso se refletiu também na forma como o consumidor percebe o tempo: os ciclos de atenção ficaram mais curtos (não temos mais paciência para ver um vídeo de 1 minuto, por exemplo), a fidelidade às campanhas diminuiu e o interesse por temas sazonais não é algo certo.

Se antes as pessoas “entravam no clima” de cada data com semanas de antecedência, hoje elas querem resolver tudo em poucos dias, sem muito custo e esforço. É só pensar... Qual foi a última copa do mundo em que você viu bandeirinhas cruzando as ruas, muros verde-amarelos, som de vuvuzelas e cornetas, churrascos e telões nas calçadas?

Para o varejo alimentar, essa mudança acaba sendo complexa. A gestão de categorias sazonais exige planejamento de estoque, espaço em loja e campanhas promocionais que dependem do timing certo.

Chegar cedo demais pode gerar desconforto (“ainda nem passou o Dia das Mães e já estão vendendo panetone? rs”).

Chegar tarde demais, por outro lado, pode significar perder o impulso de compra.

O equilíbrio está em entender os sinais de consumo e usar dados (históricos de vendas, buscas online e comportamento no PDV) para ajustar o ponto ideal de virada de cada sazonalidade. Entender os erros e os acertos.

Negócios que acompanham tendências em tempo real conseguem ajustar o seu planejamento, precificação e campanhas com agilidade, evitando tanto o desperdício quanto o cansaço visual de quem está comprando.

Então será que as datas ainda vendem como antes?

Sim e não.

As grandes celebrações, como Natal, Páscoa, Dia das Mães, parecem continuar entre os principais motores de venda do varejo alimentar. Alguns negócios ainda sobrevivem disso. Mas o que mudou foi a forma de gerar conexão. O apelo emocional cedeu espaço a uma comunicação mais prática, como kits prontos, ofertas personalizadas, influenciadores regionais e ativações no e-commerce.

A experiência de compra é o novo diferencial e não apenas o produto temático (que às vezes pode significar mais do mesmo).

A aceleração das datas sazonais é, no fundo, o reflexo de um consumidor mais impaciente, hiperconectado e seletivo. Para o varejo, isso significa repensar o calendário de campanhas e investir em inteligência de dados, integração de canais e logística ágil.

O calendário continua o mesmo, mas no varejo o relógio gira mais rápido e quem quiser acompanhar o consumidor precisa estar pronto para celebrar o “novo” a cada semana.

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