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Varejo
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Por Redação
2 de junho de 2025

Layout dinâmico: como lojas estão usando dados em tempo real para reorganizar o espaço físico e aumentar a recorrência

Varejistas apostam em tecnologia e dados em tempo real para transformar o layout das lojas em ambientes mais estratégicos, dinâmicos e centrados na experiência do consumidor

No cenário atual do varejo físico, onde a experiência do consumidor é fator decisivo para a fidelização e o aumento das vendas, surge com força o conceito de layout dinâmico, uma estratégia baseada na reorganização inteligente dos espaços de loja a partir da análise de dados em tempo real. Com o avanço das tecnologias de monitoramento, sensores e análise comportamental, empresários têm adotado soluções inovadoras que permitem adaptar o ponto de venda de forma responsiva às movimentações dos clientes.

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Especialistas e representantes do setor varejista entrevistados pelo portal SuperVarejo destacam como essas práticas vêm se consolidando como aliadas poderosas para prolongar o tempo de permanência dos consumidores no ambiente físico. Além disso, o layout dinâmico é capaz de estimular a recorrência e potencializar campanhas sazonais, mesmo diante de desafios operacionais e tecnológicos significativos.

Para Davi Jerônimo, consultor de negócios do Sebrae-SP, o uso de sensores e sistemas de monitoramento em tempo real já é uma realidade em muitos estabelecimentos. “Estamos falando de ferramentas que estudam o comportamento do cliente dentro da loja com foco em melhoria da experiência de compra, otimização do layout e aumento das vendas”, explica.

Mapeamento de fluxo para prolongar permanência

De acordo com Jerônimo, o mapeamento do fluxo de clientes, conhecido como Heatmaps, permite entender onde o consumidor olha, por quanto tempo permanece em determinado espaço e até correlacionar o trajeto percorrido com os produtos efetivamente comprados. Com base nesses dados, os gestores podem tomar decisões estratégicas. “Desde abrir novos caixas em momentos de pico até criar promoções personalizadas via Bluetooth, dependendo da localização do cliente na loja. Tudo isso contribui para uma operação mais eficiente e centrada no consumidor”, reforça o consultor do Sebrae-SP.

Na avaliação de Nelson Bruxellas Beltrame, professor da FIA Business School, a principal vantagem dos sensores é permitir decisões ágeis e baseadas em dados concretos. “A partir da coleta de imagens e dados de fluxo, podemos analisar o impacto de ações promocionais e o comportamento dos consumidores conforme o dia da semana ou o horário, por exemplo. Isso oferece ao varejo uma inteligência que antes era intuitiva, mas agora é mensurável”, destaca.

Mas como essa inteligência se traduz em ações práticas? É aí que o layout dinâmico entra em cena porque trata-se de um conceito que propõe uma organização flexível do espaço físico, adaptável às necessidades do negócio e aos hábitos de consumo identificados. Para Jerônimo, os clientes gostam de novidade e interatividade. “Mudar a disposição de móveis e produtos com base no que os sensores indicam pode não apenas prolongar a permanência do cliente, mas também incentivá-lo a voltar”, afirma o especialista do Sebrae.

Orientação por dados e exposição dinâmica

De acordo com o Davi Jerônimo, as redes de supermercados que alteram constantemente o caminho de entrada, reposicionam semanalmente produtos de alto giro e criam áreas temáticas com degustações ou experiências interativas são bons exemplos. “Mesmo quem entra com uma lista de compras pode acabar explorando mais o ambiente e se deparando com novos produtos ou promoções inesperadas”, diz.

Essa percepção é compartilhada por Marcos Poggiali, diretor comercial do Grupo Supernosso, que já aposta no conceito de layout orientado por dados. “A organização das categorias conforme a árvore de decisão do consumidor facilita a navegabilidade e aumenta a assertividade da jornada de compra, impactando diretamente na composição da cesta”, afirma.

Poggiali destaca o uso de guias de exposição dinâmicos como estratégia para manter o ponto de venda atrativo e responsivo, além de ações que já mostraram resultados concretos. “Na nossa bandeira de cash & carry, reorganizamos a categoria de amaciantes com base na jornada do cliente e conquistamos um crescimento de 2,5 pontos percentuais no share”, conta o diretor do Grupo Supernosso.

Complexidade operacional

No entanto, a aplicação do layout dinâmico não está isenta de desafios, a começar pela complexidade operacional. “Reorganizar uma loja envolve movimentação de estoque, integração com sistemas de gestão (ERP/PDV), capacitação constante da equipe e logística com fornecedores”, aponta Jerônimo. Beltrame também destaca limitações estruturais. “No varejo supermercadista, os espaços são dimensionados por categoria de produtos, e a disponibilidade de área física pode restringir alterações mais profundas”, avalia o professor da FIA Business School.

Poggiali reforça que é preciso uma equipe preparada para realizar mudanças rápidas sem comprometer a operação diária. “A integração entre vendas, marketing e inteligência de dados é fundamental para que qualquer alteração no layout atenda às expectativas dos clientes e esteja alinhada com as estratégias do negócio”, destaca o diretor comercial.

Reorganização estratégica

De acordo com Beltrame, o layout dinâmico ganha ainda mais força em datas comemorativas e campanhas promocionais como Natal, Páscoa, Dia das Mães e Dia das Crianças e têm mostrado elevação no fluxo de vendas quando associadas a reorganizações estratégicas do ponto de venda. Segundo Jerônimo, nestas ocasiões, as lojas podem se transformar em ambientes temáticos com vitrines interativas, experiências sensoriais e ilhas de produtos sazonais. “A emoção e o engajamento do cliente aumentam, o que impacta diretamente no faturamento”, ensina o especialista do Sebrae-SP.

O diretor comercial do Grupo Supernosso entende que o layout dinâmico é peça-chave na estratégia das lojas. “Criamos zonas temáticas em datas especiais e destacamos ofertas estratégicas conforme o comportamento do cliente em tempo real. Isso personaliza a experiência e aumenta a conversão”, completa Poggiali.

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