
Por Redação
22 de agosto de 2025Cervejas artesanais agradam público mais exigente e sofisticado
Produto possibilita um tíquete médio maior, o que representa boas oportunidades para o varejo alimentar
Quando se trata de cerveja, além das tradicionais, do tipo pielsen, por exemplo, as artesanais e especiais têm conquistado cada vez mais consumidores, e em consequência, espaço na gôndola dos supermercados. “O público que consome cervejas artesanais tende a ser mais exigente e sofisticado, com maior interesse por experiências gastronômicas, harmonização e momentos especiais. Diferentemente das bebidas tradicionais, consumidas em grande volume e associadas a encontros mais informais, as artesanais acabam sendo opções voltadas a ocasiões mais intimistas, como jantares em casa, pequenas reuniões entre amigos ou momentos de degustação. Se trata de um consumo orientado não por quantidade, mas sim por qualidade e experiência. O público-alvo valoriza a complexidade de sabor, origem dos ingredientes, estilo e até a história da marca”, explica Paulo Sergio Mariano, gerente de Líquida do Pão de Açúcar.
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A principal diferença entre as cervejas artesanais e as especiais é que a primeira é produzida em menor escala. Na prática, ambos os tipos agradam paladares mais exigentes. “O público que compra cerveja especial costuma ser mais exigente e interessado em experiências únicas. Eles buscam por produtos de alta qualidade, sabores diferenciados, edições limitadas e marcas artesanais. Geralmente, estão dispostos a investir um pouco mais para experimentar novidades e apreciar detalhes mais sofisticados na bebida. Essa diferença de perfil é uma oportunidade para o supermercado oferecer uma variedade de opções e atender às diferentes preferências dos clientes, aumentando as chances de fidelização e de impulsionar as vendas em ambas as categorias”, conta Liniquer Trevelin Rebelatto, gerente de Categoria da Coop.
Os números do mercado de cerveja, no geral, são animadores. Segundo a Pesquisa Industrial Anual do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a receita líquida de vendas de cerveja e chope, inclusive sem álcool, foi de R$ 26,59 bilhões, em 2019, e de R$ 47,58 bilhões, em 2023, o que indica um aumento de, aproximadamente, 79%. O Anuário da Cerveja 2025, divulgado pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), mostra que, em 2024, o Brasil produziu 15,3 bilhões de litros de cerveja, em suas 1.949 cervejarias. De acordo com os dados, a produção de cervejas no Brasil é bastante concentrada. Cerca de 1% das cervejarias produzem quase metade do total do volume de cerveja do país e 5%, quase 99%. Isso significa que 1.851 empresas são responsáveis pela produção de 153 milhões de litros de cerveja por ano, uma média de menos de 83 mil litros por ano.
Entre as redes varejistas, Coop e Pão de Açúcar são exemplos de redes que têm investido nas opções diferenciadas de cervejas para atrair um público mais qualificado e que, consequentemente, compra produtos de maior valor. “As cervejas artesanais são tratadas com grande relevância dentro do GPA, especialmente no Pão de Açúcar, cuja curadoria é voltada a um público que valoriza qualidade, diversidade e experiências. O grupo foi pioneiro ao redesenhar o planograma de lojas, destinando um espaço maior às cervejas premium e especiais, de forma mais coerente com os hábitos de consumo dos seus clientes”, explica Mariano.
Neste inverno, o Pão de Açúcar montou, em Campos do Jordão (SP), a Casa Pão e, em parceria com a Baden Baden, ofereceu um espaço, na loja da cidade, com degustações, masterclasses e harmonizações, uma experiência completa para os clientes. “Esse tipo de ativação traduz a estratégia do Pão de Açúcar de ir além da venda de produtos, promovendo vivências que aproximam os clientes da cultura cervejeira e fortalecem o relacionamento com a marca”, completa.
Para incentivar o consumo de cervejas especiais e artesanais, os supermercados também apostam em ações para levar informações ao ponto de venda. “Educar o consumidor para apreciar esse tipo de bebida é uma estratégia importante, pois ajuda a valorizar essa categoria. Ao fornecer informações sobre os sabores, processos de produção e diferenças em relação às cervejas convencionais, o consumidor se sente mais confiante e motivado a experimentar novas opções. Além disso, essa educação pode criar uma conexão emocional com a marca ou produto, incentivando a fidelidade e o consumo consciente”, afirma Rebelatto.