
Por Redação
5 de agosto de 2025Supermercados ampliam seu papel social e ambiental com práticas ESG
Com consumidores mais atentos à sustentabilidade, redes varejistas investem em ações que vão do uso de energia limpa à inclusão social para gerar impacto positivo nas comunidades
Em tempos de mudanças climáticas, a preocupação com a sustentabilidade e as ações ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) precisam estar nas pautas de todas as empresas, já que refletem diretamente nos resultados. Segundo estudo do IBM Institute for Business Value, as empresas que incorporam a sustentabilidade em sua rotina têm 52% mais probabilidade de superar os concorrentes em lucratividade.
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Os consumidores estão de olho em quem está seguindo essa cartilha. Uma pesquisa da PwC verificou que quase metade dos consumidores (47% no Brasil e 46% no mundo) têm comprado mais produtos sustentáveis com o intuito de diminuir o impacto no meio ambiente. Quando questionados sobre as medidas que têm tomado para reduzir o impacto pessoal nas mudanças climáticas, os brasileiros responderam que estão fazendo compras mais conscientes, com o objetivo de reduzir o consumo geral (49%), comprando produtos mais sustentáveis ou com menos impacto climático (47%) e comendo alimentos diferentes (33%).
Os supermercados precisam acompanhar esse movimento e ainda há um grande caminho pela frente. “No passado, a gente já teve protagonismo de empresas do setor de supermercados. Hoje, eu não vejo mais esse protagonismo, mas eu vejo que as empresas do setor, assim como a maioria das empresas, já entenderam o valor de fazer um controle dos temas materiais de sustentabilidade e ter planos de ação para eles”, afirma Ricardo Voltolini, CEO e Fundador da consultoria Ideia Sustentável.
Para Voltolini, o primeiro passo deve ser identificar esses temas materiais. “Dentro de uma perspectiva de ESG, há uma valorização dos chamados temas materiais ou impactos do setor. Até porque esses chamados temas materiais de sustentabilidade podem ter um impacto financeiro e reputacional se não forem bem conduzidos. Isso representa risco e os investidores querem afastar esse risco”, diz.
Ele destaca gestão de resíduos, com programas de logística reversa e reciclagem, consumo de energia, embalagem, práticas de trabalho justas, diversidade e inclusão, engajamento com a comunidade e governança ética e transparente, entre outros.
Na opinião do especialista, os supermercados ainda estão longe do ideal no quesito ESG. "Eu acho que elas estão engatinhando. Até porque boa parte dos supermercados são empresas familiares e não de capital aberto. As empresas de capital aberto são obrigadas por regulação a serem mais sustentáveis e cuidarem das questões de ESG. Quando não há uma obrigatoriedade, as empresas não se sentem pressionadas ou apostam apenas numa mudança do comportamento do consumidor, que passaria a ser mais exigente", afirma.
ESG na prática
O Grupo Pereira é uma das redes que têm o ESG como uma diretriz estratégica, que orienta as ações em todas as áreas da empresa. Segundo o grupo, a sustentabilidade está integrada ao propósito da empresa: transformar as pessoas e o ambiente ao nosso redor.
Um dos programas em destaque é o Batismo Verde, criado para engajar os colaboradores na preservação ambiental com a doação de uma muda de árvore para cada contratado. Com mais de 100 mil mudas já doadas, a iniciativa equivale ao plantio que cobriria uma área de 127 campos de futebol.
Outra ação é o manejo de resíduos. Mais de 750 toneladas de resíduos orgânicos foram transformadas em adubo e cerca de 3 mil toneladas de alimentos foram doadas por meio de parcerias como Mesa Brasil (SESC) e Food To Save.
Além disso, nos últimos 3 anos, o Grupo deu a destinação correta a 11 mil litros de óleo de cozinha, 122 mil lâmpadas, 80 toneladas de têxteis e 6 toneladas de tampinhas plásticas.
Também há uma preocupação com a energia. 97% das lojas são abastecidas com recursos limpos, proveniente de fontes eólica e solar, e há projetos contínuos de eficiência energética e redução de emissões.
Na área social, há programas como o Reeducandos, que já beneficiou mais de 500 pessoas egressas do sistema prisional com reintegração ao mercado de trabalho; iniciativas de inclusão que garantem a presença de mais de 4 mil colaboradores com mais de 50 anos (18% do quadro) e mais de 1.400 imigrantes e refugiados; e o apoio à educação por meio da ONG Parceiros da Educação, que hoje beneficia mais de 51 mil estudantes de 71 escolas públicas da Diretoria de Ensino de Jundiaí (SP).
A preocupação com ações ESG também está no dia a dia da ServeTodos. “Sempre tivemos como propósito que uma empresa deve melhorar a vida ao seu redor e estar verdadeiramente inserida na comunidade local. Hoje, esse conceito é traduzido de forma mais ampla pela sigla ESG. Embora sejamos uma empresa de médio porte e não tenhamos uma área específica dedicada ao tema, todas as áreas colaboram ativamente para os resultados, que são mensurados anualmente”, explica Erlon Ortega é Diretor da ServeTodos e presidente da APAS.
Segundo o executivo, as ações que mais se destacam são as doações diárias de alimentos, as campanhas sazonais (como inverno, Natal e meses de prevenção de doenças), o apoio a projetos sociais, esportivos e culturais, o incentivo à reciclagem e a capacitação contínua da nossa equipe interna. “Todos esses esforços são divulgados em nosso Balanço Social, que já está na terceira edição — cada vez mais robusto e representativo do nosso compromisso com a responsabilidade social e ambiental”, completa.
Ortega diz que a empresa se orgulha de contribuir ativamente com as comunidades onde está inserida. “Apoiamos e orientamos entidades locais para que estejam em conformidade contábil e, assim, aptas a receber doações. Também promovemos a conscientização contínua da nossa equipe sobre a importância das práticas ambientais — como reciclagem, uso racional da água, economia de energia e controle de emissões de gases”, fala.