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Saudabilidade
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Por Redação
3 de setembro de 2025

Como empresas nativas plant-based estão moldando o futuro do consumo

Autenticidade, inovação e propósito são as principais armas das empresas que nasceram 100% vegetais e que vêm transformando a indústria alimentícia e consolidando novos padrões de consumo.

O mercado de alimentos está passando por uma transformação profunda e no centro dessa mudança, as empresas nativas plant-based desempenham um papel decisivo ao reposicionar o consumo para além da substituição de ingredientes: elas constroem novas bases de comportamento, inovação e estratégia. Diferente das grandes marcas tradicionais, que expandem seus portfólios ao incluir linhas vegetais, as companhias que já nasceram plant-based carregam em sua essência autenticidade, conhecimento técnico e visão de futuro.

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Álvaro Gazolla, fundador e diretor comercial da Vida Veg, explica que a inovação vai além do lançamento de novos produtos. “Na Vida Veg, inovação não é só lançar produtos novos, mas olhar para o comportamento do consumidor e para os gargalos que ele ainda enfrenta ao tentar incluir opções mais saudáveis e que garantem sabor com inclusão no dia a dia. A gente acompanha muito de perto como o varejo, o food service e o consumidor final interagem com a categoria, e isso nos permite criar soluções que resolvem dores reais: praticidade e sabor para todos., diz”

Diferenciais competitivos das empresas nativas plant-based

As empresas que nasceram no universo plant-based operam com foco exclusivo nesse segmento, o que confere profundidade ao conhecimento sobre cadeia produtiva, comportamento do consumidor e necessidades do ponto de venda. Para Gazolla, esse é um fator determinante de diferenciação em relação às grandes indústrias. “Além da confiança, somos reconhecidos pela autenticidade e capacidade de inovar. Como nós já nascemos plant-based, não ‘adaptamos’ linhas existentes. Isso dá profundidade e conhecimento real das necessidades do consumidor e do sabor que podemos oferecer”, afirma.

Essa dedicação integral é confirmada pela professora Karine Karam, especialista em comportamento do consumidor da ESPM. Segundo a professora, essas empresas se destacam por nascerem com um propósito claro, voltado para a sustentabilidade, a saúde e a ética, o que garante maior autenticidade à identidade de marca e reduz a percepção de greenwashing. “Por estarem orientadas ao core business desde o início, investem fortemente em inovação, com foco em sabor, textura e nutrição.”

Impacto do comportamento do consumidor

De acordo com Gazolla, o avanço do plant-based é impulsionado por uma mudança clara no perfil de consumo e essa transformação está relacionada a valores e propósitos. “O comportamento do consumidor hoje já vai muito além de uma simples escolha de estilo de vida, ele reflete valores, consciência e propósito. Esse é um padrão que acompanha a mudança geracional, por isso, jovens e adultos que adotam rotinas mais saudáveis, praticam esportes e se conectam com pautas como meio ambiente, aquecimento global e exploração animal não estão seguindo uma tendência, mas sim definindo um novo padrão de consumo”, aponta o fundador da Vida Veg.

A percepção de Karine reforça essa análise já que, segundo a professora da ESPM, os números mostram um movimento consistente de redução no consumo de carne e maior adesão a substitutos vegetais. “Apesar desses entraves, a demanda reprimida mostra o potencial do setor, reforçado pelo fato de que 90% dos brasileiros enxergam a alimentação sustentável de forma positiva e 89% a consideram urgente”, destaca.

Esse cenário reforça a necessidade de empresas não apenas em acompanhar, mas antecipar tendências. Por isso, a Vida Veg aposta em pesquisa e desenvolvimento interno, análises com inteligência artificial e testes constantes de sabor para aprimorar a experiência do consumidor. “Nossa estratégia é não esperar a tendência virar mainstream (modinha), queremos antecipar a demanda e lançar tendências para o mercado”, aponta Álvaro Gazolla.

Desafios estruturais e estratégias de escala

Apesar do avanço da categoria, a produção de alimentos plant-based no Brasil ainda enfrenta gargalos relacionados à escalabilidade, preço e distribuição. A logística e o custo dos insumos são barreiras significativas para o crescimento sustentável. Gazolla explica como a Vida Veg vem lidando com esse cenário: “No Brasil, a escalabilidade está muito ligada ao custo dos insumos e à eficiência logística. Na Vida Veg, temos lidado com isso de duas formas: trazendo parceiros regionais na agricultura, fortalecendo essa rede de apoio e incentivando a cultura local; e fortalecendo parcerias estratégicas, trabalhando junto a redes varejistas e de food service para construir demanda de forma conjunta, o que nos permite ganhar escala mais rápido”, afirma.

Essa visão pragmática conecta-se à leitura de Karine sobre a escalabilidade eficiente. Segundo a professora da ESPM, a estrutura mais ágil dessas empresas garante maior velocidade para ajustes de produção e otimização de custos, o que fortalece a competitividade frente a grandes marcas que ainda lidam com processos mais engessados.

“Por estarem orientadas ao core business desde o início, as empresas plant-based investem fortemente em inovação, com foco em sabor, textura e nutrição, desenvolvendo produtos que realmente atendem às expectativas dos consumidores”, diz.

Perspectivas para os próximos anos

O futuro da indústria alimentícia passa, inevitavelmente, pela consolidação do plant-based como um pilar central de consumo e, para Gazolla, o papel das empresas 100% vegetais é decisivo nesse processo: “Nosso papel é fundamental para que daqui a dez anos o consumidor não questione mais se compra ‘normal’ ou ‘plant-based’, mas simplesmente escolha a opção que fizer mais sentido em sabor, preço e impacto. E quando isso acontecer, será porque empresas 100% plant-based ajudaram a construir esse mercado, formando hábitos, criando confiança e mostrando ao grande varejo que essa categoria é sustentável e rentável”, acredita.

Karine também enxerga um horizonte de expansão já que, de acordo com a especialista, o setor já movimenta cifras relevantes e deve ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão em vendas no varejo brasileiro nos próximos anos. “Além do crescimento econômico, o impacto ambiental positivo amplia a relevância estratégica do segmento. Alternativas vegetais utilizam menos terra, água e emitem menos gases, o que reforça o papel de transformação da indústria”, completa.

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