
Por Redação
29 de julho de 2025Como gerenciar riscos na cadeia de suprimentos e driblar as incertezas globais
Monitorar dados e ter planos de contingência são estratégias essenciais para manter o fluxo de estoques e produtos disponíveis
O gerenciamento de riscos na cadeia de suprimentos deixou de ser uma opção e se tornou uma estratégia indispensável para garantir o abastecimento e a sustentabilidade dos negócios. A análise criteriosa dos processos, o mapeamento das vulnerabilidades e o uso inteligente dos dados são pilares dessa gestão, conforme explica Anderson Ozawa, CEO da Aozawa Consultoria, especializada em prevenção de perdas.
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O primeiro passo, segundo Ozawa, é ter uma visão ampla da operação, do início ao fim do chamado “ciclo de vida do produto”. “É fundamental entender de onde vem cada item, como ele chega até sua empresa e quais os caminhos que percorre até o cliente, inclusive no processo de devolução”, destaca. Nesse mapeamento, os pontos críticos costumam estar onde há alta dependência de um único fornecedor, modal de transporte ou operador logístico. A recomendação é simples: desenhe esse fluxo e pergunte ‘se esse elo quebrar, o que acontece?’.
Além disso, ouvir quem está na linha de frente da operação, seja equipe de compras, logística, estoque e recebimento, é crucial. “Esses profissionais têm informações valiosas sobre gargalos, atrasos e falhas recorrentes, que nem sempre aparecem nos dashboards da diretoria”, reforça. Outro alerta importante é sobre a digitalização dos processos. “Todo processo manual é um risco. A transformação digital não é uma tendência, é uma necessidade urgente para reduzir erros e falhas”, pontua.
Para classificar e priorizar os riscos, Ozawa recomenda a aplicação da Matriz de Impacto e Probabilidade, uma metodologia prática que cruza a gravidade dos riscos com a chance de eles ocorrerem. “Isso permite priorizar o que realmente importa. Nem todo problema precisa ser resolvido agora, mas os críticos sim”, afirma. O especialista também defende a adoção de planos de contingência robustos e da metodologia Pentágono de Perdas, que considera os pilares Pessoas, Processos, Auditoria, Tecnologia e Indicadores como base para uma gestão de riscos eficiente.
Os dados são aliados indispensáveis na detecção antecipada de problemas. Ao monitorar indicadores como atrasos, rupturas de estoque, oscilações de custos e prazos, as empresas passam a identificar padrões e se antecipar a problemas recorrentes. “Isso é inteligência de risco. Quem trabalha com dados toma decisões baseadas em fatos, não em achismos”, pontua Ozawa.
No fim das contas, gerenciar riscos na cadeia de suprimentos não significa eliminar todos os problemas, mas sim conhecer os pontos frágeis do negócio e estar preparado para agir rapidamente. “Se os últimos anos ensinaram algo, é que estar preparado deixou de ser um diferencial competitivo. Hoje, é questão de sobrevivência e de estratégia para quem quer crescer, mesmo em meio às incertezas”, conclui Ozawa.