
Por Redação
24 de julho de 2025Cesta básica tem leve alívio em junho, mas alimentos seguem com inflação acumulada
Produtos como batata e arroz recuaram no mês, enquanto café e carne bovina continuam com altas expressivas no comparativo anual
O valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 11 localidades e aumentou em outras seis capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre maio e junho de 2025, as quedas mais importantes ocorreram em Aracaju (-3,8%), Belém (-2,3%), Goiânia (-1,9%), São Paulo (-1,4%) e Natal (-1,2%). As maiores altas foram registradas em Porto Alegre (1,5%) e Florianópolis (1,4%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 882,76), seguida por Florianópolis (R$ 867,83), Rio de Janeiro (R$ 843,27) e Porto Alegre (R$ 831,37). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 557,28), Salvador (R$ 623,85), João Pessoa (R$ 636,16) e Natal (R$ 636,95). A comparação dos valores da cesta, entre junho de 2024 e junho de 2025, mostrou que quase todas as capitais tiveram alta de preço, com variações entre 1,7%, em Salvador, e 9,3%, em Recife. A redução ocorreu em Aracaju (-0,8%). No acumulado do ano, ou seja, entre dezembro de 2024 e junho de 2025, todas as cidades pesquisadas apresentaram alta nos preços da cesta, com taxas que oscilaram entre 0,58%, em Aracaju, e 9,10%, em Fortaleza. Com base na cesta mais cara, que, em junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação,moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
O preço do quilo da batata diminuiu em todas as cidades do Centro-Sul, onde é pesquisada, entre maio e junho de 2025. As quedas variaram entre -12,6%, em Belo Horizonte, e -0,5%, em Porto Alegre. No acumulado de 12 meses (de junho de 2024 a junho de 2025), houve queda em todas as 10 cidades onde o produto tem o preço coletado. Os percentuais variaram entre -48,2%, em Belo Horizonte, e -34,9%, em Vitória. Com a intensificação das colheitas das secas/inverno, a oferta de batata aumentou no varejo.
O preço do arroz agulhinha apresentou redução em todas as 17 cidades, com variações entre -9,5%, em Belém, e -0,8%, em Aracaju, de maio para junho. No acumulado de 12 meses, também houve queda nas 17 cidades. As taxas variaram entre -31,8%, em Vitória, e -9,4%, em São Paulo. Os produtores de arroz aumentaram a área cultivada, porém as demandas interna e externa não cresceram na mesma proporção, o que acarretou excedente e recuo nos valores no varejo.
O preço do óleo de soja caiu em 13 das 17 cidades pesquisadas, entre maio e junho de 2025. As quedas mais expressivas ocorreram em Natal (-3,2%) e Belém (-2,9%). Em Goiânia, o preço médio não se alterou. Em outras três capitais foram registradas variações positivas: Curitiba (1,3%), João Pessoa (1,2%) e Brasília (0,5%). Em 12 meses, o preço do óleo subiu em todas as 17 capitais, entre 18,1%, em Natal, e 28,2%, em Recife. A menor demanda interna, sobretudo por parte do setor de biodiesel, reduziu o preço do óleo de soja no varejo.
O preço do açúcar diminuiu em 12 cidades, entre maio e junho de 2025, ficou estável em Recife e aumentou em outras quatro capitais. As reduções mais importantes ocorreram em Brasília (-5,4%), Vitória (-3,6%), Goiânia (-3,2%) e Belém (-3,15%). A maior elevação foi observada em Campo Grande (1,7%). No acumulado de 12 meses, o preço do açúcar foi menor em 14 das 17 cidades, com destaque para Belém (-12,8%) e Natal (-11,4%). A maior oferta e a menor demanda resultaram em redução dos preços na maior parte das cidades.
Entre maio e junho de 2025, o preço do leite integral diminuiu em 11 capitais, com variações entre -2,3%, em Brasília, e -0,6%, em Curitiba. Em cinco cidades, os valores se elevaram, com destaque para Aracaju (2,1%). Em 12 meses, cinco capitais registraram alta, a maior em Recife (8,9%). Nas outras 12, houve retração no preço médio, com variações entre -7,9%, em Campo Grande, e -0,7%, em São Paulo. A queda nos preços foi resultado da maior oferta de matéria-prima no campo, do enfraquecimento da demanda e do aumento das importações de lácteos.
O preço do café em pó caiu em nove das 17 capitais, com destaque para Curitiba (-3,9%), Aracaju (-3,8%) e Vitória (-3,5%). Em outras oito capitais, foram registrados aumentos, que oscilaram entre 0,4%, em Belém, e 3,3%, em Campo Grande. No acumulado de 12 meses, o preço do café aumentou em todas as cidades pesquisadas e as elevações ficaram entre 80,5%, em Fortaleza, e 116,7%, em Vitória. Com o avanço da colheita da safra brasileira 2025/2026, os preços do café começaram a diminuir no varejo em algumas cidades.
Mesmo com a restrição de oferta imposta pelos pecuaristas para alcançar valores mais altos e o maior volume exportado, o preço da carne bovina de primeira foi menor em 10 cidades, com variações entre -2,8%, em Belém, e -0,2%, em Belo Horizonte. Foram registradas altas em sete cidades, com destaque para a variação de Porto Alegre (1,2%). Entre junho de 2024 e junho de 2025, o preço ficou maior em todas as cidades. As elevações ficaram entre 9,5%, em Aracaju, e 29,3%, em Fortaleza.
O preço do tomate aumentou em 10 capitais entre maio e junho, com variações entre 0,2%, no Rio de Janeiro, e 16,9%, em Porto Alegre. Em outras sete cidades, o preço caiu, com destaque para Aracaju (-21,4%). Em 12 meses apenas Vitória (34,5%) apresentou taxa positiva. Em outras 16 capitais, o valor médio diminuiu, com destaque para Aracaju (-25,2%), Salvador (-19,7%) e Rio de Janeiro (-14,4%). O aumento nas cotações resultou da reduzida disponibilidade de tomate, ocasionada pelo frio, pois a maturação dos frutos foi retardada devido às geadas.
São Paulo
Em junho de 2025, o preço da cesta básica de São Paulo apresentou queda de -1,4% em relação a maio e custou R$ 882,76. Ainda assim, continuou a ser a mais cara entre as capitais pesquisadas. Em comparação com junho de 2024, a cesta acumula elevação de 6,0%. Na variação acumulada ao longo do ano, a alta é de 4,9%.
Entre maio de 2025 e junho de 2025, 10 dos 13 produtos da cesta básica tiveram diminuição nos preços médios: tomate (-6,1%), banana (-4,8%), arroz agulhinha (-3,3%), batata (-2,4%), manteiga (-1,6%), leite integral (-0,8%), feijão carioca (-0,8%), pão francês (-0,8%), farinha de trigo (-0,7%) e óleo de soja (-0,7%). Os outros três produtos apresentaram elevação de preço: café em pó (2,8%), açúcar refinado (0,4%) e carne bovina de primeira (0,2%). No acumulado dos últimos 12 meses, foram registrados aumentos em seis dos 13 produtos: café em pó (81,1%), carne bovina de primeira (26,9%), óleo de soja (19,7%), açúcar refinado (8,5%), pão francês (4,5%) e manteiga (4,0%). Houve queda no preço médio dos seguintes produtos: batata (-35,94%), tomate (-10,16%), arroz agulhinha (-9,4%), banana (-4,0%), feijão carioca (-2,2%), farinha de trigo (-0,7%) e leite integral (-0,7%).
No acumulado do ano, ou seja, entre dezembro de 2024 e junho de 2025, seis produtos registraram alta: tomate (49,6%), café em pó (44,8%), açúcar refinado (8,5%), feijão carioca (5,5%), carne bovina de primeira (1,4%) e pão francês (0,5%). Outros sete bens tiveram queda de preço: óleo de soja (-10,2%), banana (-7,5%), arroz agulhinha (-7,1%), leite integral (-2,4%), farinha de trigo (-1,4%), batata (-1,2%) e manteiga (-0,4%).