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Varejo
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Por Redação
18 de junho de 2025

Microlearning e gamificação: a revolução silenciosa na qualificação de equipes de supermercado

Empresas como o GPA transformam a aprendizagem em uma experiência leve, contínua e estratégica, entre jornadas intensas, alta rotatividade e desafios ao capacitar suas equipes de forma ágil e eficaz

No setor supermercadista, onde as demandas operacionais são intensas e a rotatividade de pessoas é alta, garantir a capacitação contínua das equipes sempre foi um desafio. Mas uma revolução silenciosa tem transformado esse cenário: a incorporação do microlearning e da gamificação como estratégias-chave para o desenvolvimento de competências. Empresas como o GPA estão à frente desse movimento, utilizando essas metodologias para tornar o aprendizado mais acessível, relevante e envolvente.

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Camila Zanchim, gerente geral de RH do GPA, destaca que, por meio da Universidade do Varejo GPA, a universidade corporativa da companhia, os colaboradores têm acesso a um acervo com mais de 5 mil conteúdos, disponíveis de forma flexível e contínua. "Adotamos estratégias de microlearning e gamificação de forma estruturada para promover uma capacitação mais eficaz e engajadora, especialmente voltada ao público de operações, que representa cerca de 95% do quadro", afirma.

A proposta é clara: respeitar os diferentes estilos de aprendizagem e tornar a capacitação parte natural da rotina do colaborador. "Para garantir que o aprendizado aconteça de forma interativa e atrativa, utilizamos a gamificação. A estratégia é utilizada tanto para treinamentos presenciais, como online, por meio de jogos de tabuleiro, atividades com LEGO, dinâmicas em realidade virtual, gravações de novelas para simular padrões de atendimento, no Cine GPA, jogos do tipo escape room, peças de teatro itinerantes e web séries temáticas. Aumenta o interesse, a retenção do conteúdo e torna o aprendizado mais prazeroso, como um ‘momento leve no dia’ para os colaboradores”, explica Camila.

Manter vivo o aprendizado em momento leve

O microlearning, por sua vez, ganhou força no GPA durante a pandemia, com a iniciativa "Universidade em Casa". A ação começou com foco em saúde e bem-estar, oferecendo pílulas de conteúdo sobre mindfulness, alimentação e autocuidado. O sucesso foi tão expressivo que o formato foi incorporado permanentemente à trilha de capacitação. "Hoje, é usado para reforçar e sustentar conteúdos após os treinamentos mais densos, garantindo que o aprendizado se mantenha vivo de forma contínua e acessível", explica a executiva.

Segundo Camila, a implantação dessas metodologias, porém, exigiu adaptações. “O nosso principal desafio foi adaptar os formatos tradicionais de capacitação à realidade operacional das lojas, marcada por uma rotina intensa e exigente. Os colaboradores se divertem aprendendo e as atividades passaram a ser vistas como um momento leve no dia a dia”, comenta a gerente geral de RH do GPA.

A executiva afirma que a média anual de horas de treinamento por colaborador passou de 4 para 17,5 horas por ano, um número elevado no setor de varejo, além do alto consumo de conteúdos não obrigatórios na plataforma, indicando interesse espontâneo pelo aprendizado. Outro destaque de Camila é a conexão entre aprendizagem, desempenho e reconhecimento interno. “Setenta por cento das promoções para cargos de liderança nas lojas vêm do nosso programa interno de sucessão, e 36% das participantes do programa de desenvolvimento de mulheres foram promovidas ou reconhecidas por mérito”, detalha a gerente.

Mais envolvente e significativo

Para além dos indicadores, no GPA a transformação pode ser sentida no clima organizacional porque a gamificação tem reforçado a motivação e a colaboração entre os times. “Ao transformar o aprendizado em uma experiência mais leve e interativa, ela contribui para que os treinamentos se tornem momentos positivos na rotina dos colaboradores, experiências que geram prazer, aumentam a atenção e fortalecem o vínculo com a empresa”, ressalta Camila.

Essa mudança de paradigma é endossada por especialistas em educação corporativa, como Wesley Linares, diretor de operações do Instituto PROA. “A gamificação tem um papel muito relevante na aprendizagem corporativa porque consegue tornar o processo mais envolvente e significativo. Do ponto de vista cognitivo, ela estimula a atenção, o raciocínio lógico e a retenção de conteúdos. Do ponto de vista comportamental, vejo ganhos claros em aspectos como motivação, engajamento e senso de propósito”, diz.

Planejamento pedagógico e formação relevante, prática e acessível

Linares alerta, no entanto, para os riscos da adoção dessas metodologias sem um projeto pedagógico claro. “Um erro comum é enxergar essas metodologias apenas como recursos tecnológicos ou estéticos, sem considerar o planejamento pedagógico por trás. Fragmentar demais o conteúdo sem conectá-lo a uma jornada ampla pode comprometer a efetividade”, afirma.

O especialista também destaca que o microlearning se alinha perfeitamente aos desafios do varejo. “O microlearning se adapta muito bem a contextos como o do varejo porque respeita a realidade operacional: pouco tempo disponível, rotatividade alta e necessidade de aplicar o que se aprende quase que imediatamente. São pílulas de conteúdo direto ao ponto, que cabem em pausas rápidas ou no início de um turno”, explica Wesley Linares.

Quanto ao futuro, Linares é direto: “Acredito que estamos caminhando para um modelo de formação mais personalizado, digital e centrado no educando. A formação precisa ser relevante, prática e acessível. O futuro está em soluções que consigam unir tecnologia e propósito, sem perder de vista o desenvolvimento humano”, projeta o diretor de operações do Instituto PROA.

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