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Varejo
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Por Redação
20 de novembro de 2025

Case internacional: Aldi, o modelo alemão que reinventou o desconto e inspira o varejo mundial

Rede centenária criada na Alemanha após a Segunda Guerra tornou-se referência global em eficiência, marcas próprias e simplicidade - e serve de inspiração para formatos de baixo custo no varejo brasileiro

Entre as dez maiores redes varejistas do mundo, a Aldi é um caso emblemático de como eficiência, simplicidade e foco no consumidor podem gerar um dos modelos mais rentáveis do setor supermercadista. Fundada em 1913 na Alemanha, a rede se consolidou no pós-guerra sob o comando dos irmãos Karl e Theo Albrecht, filhos da fundadora Anna Albrecht, que criaram o conceito que transformaria o varejo: o hard discount.

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“O modelo Aldi nasceu em uma Alemanha devastada, em um momento em que o consumidor queria apenas comprar bem, com respeito ao bolso e produtos de qualidade”, explica António Sá, sócio-fundador da Amicci. “É uma empresa que valoriza a simplicidade e a eficiência, sem vaidade, e tudo é pensado para reduzir custos operacionais e repassar esse benefício ao cliente”, ressalta.

As lojas da Aldi são conhecidas pelo formato compacto e funcional, que opera com cerca de 1.500 itens, número muito abaixo dos 20 ou 30 mil produtos encontrados em supermercados tradicionais. O foco está nas marcas próprias, que representam cerca de 90% do portfólio, abrangendo praticamente todas as categorias: de café a papel higiênico.

“Eles trabalham com dezenas de marcas diferentes, mas todas pertencem à própria Aldi. O consumidor pode não reconhecer os nomes, mas confia na qualidade, porque sabe que são produtos da rede”, comenta Sá. “E essa confiança é sustentada por rigorosos controles de qualidade, com itens que chegam a ser premiados na Europa”.

A operação das lojas segue um padrão de eficiência extremo: os produtos são expostos nas próprias caixas de transporte, o que reduz o tempo e a mão de obra de reposição. “É um modelo pensado para funcionar com pouquíssimos colaboradores, com processos que lembram um pit stop de Fórmula 1”, diz. “As operações de caixa, por exemplo, estão entre as mais rápidas que já vi”, acrescenta o executivo.

Um negócio dividido, mas unido pelo sucesso

Em 1961, uma divergência entre os irmãos Albrecht, relacionada à venda de cigarros, levou à divisão do grupo em duas companhias independentes: Aldi Nord (Norte) e Aldi Süd (Sul). Cada uma passou a atuar em regiões distintas da Europa, mantendo o mesmo DNA de simplicidade e foco em eficiência.

Hoje, as duas redes somam mais de 12 mil lojas em diversos países e um faturamento superior a 130 bilhões de dólares. A Aldi Nord, responsável pela expansão nos Estados Unidos, também é dona da rede Trader Joe’s, referência em produtos exclusivos e experiências de compra diferenciadas.

Apesar da divisão, as empresas continuam próximas e avaliam sinergias estratégicas. “São empresas irmãs, com operações distintas, mas a mesma filosofia de negócio, em que ambas continuam crescendo fortemente na Europa e nos EUA, fazendo frente a gigantes como o Walmart”, observa o sócio-fundador da Amicci.

Lições para o varejo brasileiro

O sucesso da Aldi é sustentado por um princípio simples: entregar valor real ao consumidor, sem excessos. As lojas mantêm layout limpo, corredores amplos e exposição racional, priorizando a agilidade e o custo-benefício.

Para Sá, o modelo traz lições valiosas ao varejo brasileiro. “A Aldi mostra que é possível unir eficiência e qualidade, com um formato de serviço enxuto, que respeita o consumidor e entrega uma experiência coerente”. Esse foco na operação e nas marcas próprias está inspirando novas redes e formatos de desconto em vários países, inclusive no Brasil, como explica o executivo.

Hoje, o conceito criado há mais de 70 anos na Alemanha pós-guerra continua sendo referência em rentabilidade, fidelização e simplicidade inteligente, mostrando que, no varejo, ser essencial pode ser o maior diferencial competitivo.

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