Especial
Especial 7 de março de 2022

Mulheres empreendedoras e líderes

As executivas de varejo Fernanda Dalben, Karol Babadeira e Daniela Lacerda analisam a importância do empreendedorismo e da liderança feminina nos negócios e no mercado de trabalho

A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, aponta que pouco mais de 9 milhões de mulheres são responsáveis por negócios no Brasil.

Mas empreender não significa somente ter um negócio, mas também colocar suas competências e técnicas comportamentais à disposição, para encarar desafios e agregar valor na gestão de uma empresa, por exemplo.

Essa é a tarefa diária da diretora de marketing da Rede Dalben Supermercados, Fernanda Dalben, localizada em Campinas (SP).

Na sua avaliação, o empreender feminino tem a ver com uma força interna e com atributos peculiares ao gênero, que fazem a mulher bem-sucedida. ?É a mulher usar de todas as suas qualidades, suas virtudes e atributos, em prol de algo maior. Usar seus recursos internos para obter conquistas profissionais, como a atenção ao detalhe, a flexibilidade e a sensibilidade, características que a fazem ser bem-sucedida, principalmente quando se fala em empreendedorismo?, define.

É fato que as qualidades citadas pela empresária vem auxiliando muitas mulheres a conquistar cada vez mais espaço na sociedade, ao longo das décadas. Tanto que o Relatório Global de Gênero do Fórum Econômico Mundial de 2021 mostra que, hoje, 61,9% das mulheres e 80,1% dos homens compõem a força de trabalho do País.

No entanto, elas representam apenas 39,4% dos cargos de gestão no Brasil, uma indicação de que a luta do gênero feminino por igualdade é longa e deve ser contínua, até que se obtenha uma mudança nesse cenário.

?Acho que quanto mais a gente fala do tema, principalmente na data, quanto mais as empresas discutem isso, vão conseguindo mudar a mentalidade. É um assunto que quanto mais se fala, mais se consegue mudar o mundo. A liderança feminina tem um papel muito importante nas organizações, na verdade o equilíbrio, né, não o extremo. Acho que a diversidade desses papéis nas empresas é muito importante. Quando a gente fala de mulheres na liderança, além da quebra de paradigmas, ajuda a equilibrar as organizações na sua gestão?, ressalta a diretora de marketing da Rede Dalben.

Levantamento da BR Rating, agência de avaliação de governança corporativa do Brasil, aponta que o percentual médio de mulheres no quadro total de executivos é de 23%, mas com diferenças salariais. Nos setores de varejo, produtos de consumo e de comunicação as mulheres ganham 7,5% a menos, em média. Já em mineração, siderurgia, metalurgia, construção civil e engenharia a diferença média sobre para 23%.

Mercado de trabalho evolui mas não reconhece competência feminina

Para a CEO da Rede Corujão 24h Daniela Lacerda, com sede em Feira de Santana (BA), embora haja uma evolução significativa e um amadurecimento do mercado de trabalho, o que se observa é enfraquecimento e limitação, quando se fala em reconhecimento profissional feminino.

?A maior dificuldade, aos meus olhos, é a falta de reconhecimento da meritocracia do papel feminino, que vem disfarçada, como se a mulher ocupasse grandes cargos por estereótipos, heranças ou casamentos, enfraquecendo o desempenho profissional dela?, enfatiza.

Na avaliação da empresária, é imprescindível que as empresas deixem claro seu posicionamento sobre o papel feminino na gestão empresarial. ?Com certeza, estamos entrando em uma nova geração, onde os valores e propósitos das empresas estarão sendo cada vez mais avaliados. Por isso, creio que aqueles que demonstram isso claramente saem na frente com suas responsabilidades?, recomenda.

Para a CEO da Rede Corujão, a liderança feminina é essencial para o mercado de trabalho.  ?As competências que formam o perfil da liderança feminina são essenciais para o período dinâmico pelo qual o mercado corporativo está passando, influenciado pela era digital e pelas transformações sociais?.

Já Karol Chokyu Babadeira, diretora de marketing da Rede Royal Supermercados, no estado do Rio de Janeiro, acredita que a inserção da mulher no mercado de trabalho demorou muito para acontecer, por conta da necessidade de provar competência. ?Dificulta a inserção no mercado de trabalho, pois precisamos nos esforçar o dobro em tempo e experiência para termos oportunidades. Além disso, temos que viver com múltiplas responsabilidades?, considera.

E a definição de postura quanto ao papel feminino na gestão empresarial, por parte das empresas, também é algo necessário, na sua opinião. ?Quando a empresa se posiciona e mostra as oportunidades de crescimento e ascensão profissional ao público feminino, gera incentivo e motivação para que possam desempenhar brilhantemente seu papel de mãe e ainda ter oportunidades justas de emprego e salário. A liderança feminina abre espaço para conversa, apoio e troca. Temos nosso horizonte expandido, ganhamos em sensibilidade, em novos pontos de vista e em representatividade?, finaliza.

Ainda segundo o estudo da BR Rating, apenas 3,5% das corporações têm mulheres atuando como CEOs.  A pesquisa mostra que os homens ocupam 84% dos cargos de diretoria e as mulheres 16%, enquanto os cargos gerenciais têm 81% de homens e 19% de mulheres.

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